Alberto Nepomuceno é considerado o pai do nacionalismo na música brasileira, por ter introduzido peças cantadas em português e por ter criado uma obra que exalta a diversidade cultural do país. (Reprodução/Internet)
O programa Música Erudita desta quinta-feira (9), de 22h à meia-noite, apresenta obras de dois cearenses de destaque no campo da música de concerto, o compositor Alberto Nepomuceno (1864-1920) e o cantor lírico Paulo Abel do Nascimento (1957-1992). Entre as peças selecionadas para audição, estão Suíte antiga, Serenata e Série brasileira, de Nepomuceno, com a interpretação da Orquestra Sinfônica Nacional e regência de Lydia Amado; bem como faixas do CD 22 canções populares do Brasil, com obras de compositores Heitor Villa-Lobos, Claudio Santoro e Waldemar Henrique, cantadas por Paulo Abel, acompanhado pelo pianista Claude Fondraz.
Alberto Nepomuceno nasceu em Fortaleza (CE) em 6 de junho de 1864. Os primeiros fundamentos da música aprendeu com o pai, Vítor Augusto Nepomuceno, que era violinista, organista, professor e mestre de banda da orquestra da Catedral de Fortaleza. Aos 8 anos de idade, a família se mudou para Recife, e lá prosseguiu os estudos com o maestro Euclides Fonseca. Nessa época, a Faculdade de Direito de Recife (atual UFPE) era um pólo de encontro de intelectuais, e Alberto se tornou amigo do jurista Clóvis Beviláqua e do filósofo Farias Brito.
Tanto em Pernambuco, como no retorno ao Ceará, Nepomuceno contribuiu com o movimento abolicionista e foi colaborador de diversos jornais. Por causa da atividade política, o governo do imperador Dom Pedro II lhe negou o pedido de bolsa de estudos na Europa. Somente no período republicano Nepomuceno conseguiu patrocínio para viajar para o Velho continente, e se aproximar de compositores como o noruguês Edvard Grieg e o francês Claude Debussy. Radicado no Rio de Janeiro de 1885 até a sua morte, Alberto Nepomuceno foi professor do diretor do Instituto Nacional de Música (atual Escola de Música da UFRJ), realizou a reforma do Hino Nacional Brasileiro em 1907, e é o patrono da cadeira nº30 da Academia Brasileira de Música. Faleceu em 16 de outubro de 1920 no Rio de Janeiro (RJ).
Paulo Abel do Nascimento nasceu em Fortaleza (CE) em 13 de janeiro de 1957. Paulo Abel era um contratenor dotado de raro timbre vocal, por causa de uma deficiência do hormônio testosterona, o que lhe conferia uma voz semelhante aos castratti da Idade Média. Oriundo de uma família humilde, Paulo Abel iniciou os estudos musicais aos 12 anos de idade, com o violonista João Lima. Em 1976, assume a regência do Coral da Escola Técnica Federal do Ceará (atual IFCE), e dois anos depois, continua os estudos musicais em São Paulo. Entre 1978 e 1985, estuda canto erudito na Itália, e retorna para o Ceará para o lançamento do projeto Ópera Nordestina na UFC. Lançou dois discos, um dedicado às cantatas e sonatas de Alessandro e Domenico Scarlatti, e o segundo com canções populares brasileiras. Paulo Abel teve exitosa carreira internacional no canto lírico, e também participou do filme hollywoodiano Ligações Perigosas (1988), de Stephen Frears. Faleceu em 1992, aos 35 anos de idade, em Paris, por conta de complicações respiratórias causadas pelo vírus HIV.
O Música Erudita é transmitido todos os dias, de 22h à meia-noite, e tem produção e apresentação de Leovigilda Bezerra, e operação de áudio de José Raimundo Lustosa e Adalberto Inácio.
