Hoje em dia, é comum se deparar com notícias de caráter sensacionalista nos mais diversos meios de comunicação, inclusive em redes sociais, como o WhatsApp e o Facebook.
Essas informações distorcidas, ou notícias falsas, são conhecidas popularmente como Fake News.
Edgard Patrício, professor do curso de Jornalismo da UFC, explica um pouco sobre esse conceito.
"Então Fake News poderia ser qualquer relato, que produzido ou não por jornalistas, mas com a intencionalidade de seguir a estruturação do formato jornalístico notícia. Com essa intencionalidade e mais, com direcionamento e orientação intencionais também, de utilizarem fatos verídicos ou que não fazem parte da realidade".
Ao contrário do que muitos pensam, as Fake News não são uma problemática recente. Desde o Império Romano, as notícias falsas são utilizadas para que determinados grupos alcancem seus propósitos em detrimento ao prejuízo de outros.
Entretanto, o conceito voltou à pauta no final de 2016. As eleições para a presidência dos Estados Unidos foram palco de muitas dessas notícias falsas.
Donald Trump se utilizou das Fake News contra a sua adversária, Hillary Clinton, para proporcionar uma reviravolta nas pesquisas e, assim, ser o grande vencedor do pleito político.
Desde então, seja em relação a Trump ou não, diversos casos de Fake News foram descobertos, o que ameaça a credibilidade da imprensa e das redes sociais como um todo.
Érico Firmo, jornalista e colunista de política do jornal O Povo, comenta os desafios da mídia em relação ao crescimento das notícias falsas.
"Toda essa discussão sobre Fake News traz um desafio e uma oportunidade muito grande para os meios de comunicação. Os meios de comunicação atravessam uma drástica revolução nesse começo de século. Mudanças muito importantes, a forma como eles operam está em questão. A própria utilidade e necessidade deles chegou a ser questionada, embora nunca tenha havido tanta informação e aí, por isso mesmo, creio eu, nunca o jornalismo foi tão necessário. Quando o jornalismo consegue combater as Fake News, ele mostra, mais do que nunca, a sua relevância, a sua importância, o seu papel primordial na sociedade de hoje".
Devido a temática estar em foco, muitas agências e pesquisadores desenvolvem métodos de trabalho que visam analisar as informações que são disponibilizadas nos meios de comunicação.
O factcheking, ou checagem de dados, é um instrumento responsável pela verificação de notícias, com destaque para os assuntos que envolvem o meio político.
Esta análise possui uma espécie de passo a passo que objetiva a comprovação da veracidade de uma informação.
Daniel de Rezende, estudante de Jornalismo da UFC e pesquisador na área de factcheking, relata algumas medidas para se identificar uma Fake News.
"Você recebe alguma notícia estranha, principalmente no WhatsApp ou no Facebook... Então você ir atrás de confrontar [as notícias] na própria internet. Você pode receber uma notícia que não tem o autor daquela notícia, ou que não tem os procedimentos básicos jornalísticos que seriam... Você dar nome às suas fontes, ou você citar onde aconteceu tal coisa, onde aconteceu esse boato. Tem que saber o horário que isso aconteceu, saber o relato de alguém, saber onde isso aconteceu mesmo e buscar outros locais de informação".
As eleições gerais que vão acontecer no Brasil em outubro deste ano são motivos de bastante preocupação para o poder público.
Desde 2017, muitos dos candidatos à presidência da República e os seus seguidores lidam com as Fake News para ampliarem o seu apoio e prejudicarem os adversários na corrida eleitoral.
O jornalista Érico Firmo traça um panorama de como as notícias falsas podem atrapalhar o pleito no final do ano.
"Mas as Fake News, sem dúvida, constroem a imagem de alguns candidatos e destroem a imagem de outros. O risco maior para esta eleição é a eleição mais curta... vai ser a eleição presidencial mais curta de todos os tempos. Com a mudança que ocorreu em em 2015, já ocorreu na eleição de 2016, na eleição municipal, mas agora a gente vai ter as eleições presidenciais e para governador, para deputado, para senador, mais curtas da história. O primeiro turno vai ter um mês e meio. A gente tinha em 1989 uma eleição de seis meses. Isso é um complicador, foi feito pra eleição ficar mais barata, que é importante, mas é um complicador porque vai se ter menos tempo para se desmentir boatos, para se desmascarar algumas coisas, para se esclarecer algumas coisas".
A internet e, sobretudo, as redes sociais são os locais com maior concentração de notícias falsas.
Empresas como o Facebook e o Google vêm sendo processadas pela divulgação de Fake News.
Os donos dessas multinacionais afirmam que estão fazendo de tudo para proibir a circulação de notícias falsas em seus feeds e, dessa forma, colaborarem para máxima integridade dos fatos cotidianos.
Reportagem de Pedro Silva com orientação de Carolina Areal.