Quando verificamos numa embalagem informações como a quantidade de sódio presente em um alimento, ou fazemos um exame de sangue para identificar os níveis de ferro, que podem apontar por exemplo uma anemia, estamos diante dos resultados de um complicado processo de análise química.
Pesquisadores do Departamento de Química Analítica e Físico-Química da Universidade Federal do Ceará, em parceria com pesquisadores do Departamento de Química Analítica da Universidade Federal de Minas Gerais, desenvolveram um dispositivo e método inovadores para que essas análises possam ser feitas de forma mais rápida, barata e eficaz. O invento acaba de conseguir uma patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
Uma das inovações é que o dispositivo permite o uso de maiores massas de amostras. Gisele Lopes é professora do Departamento de Química Analítica da UFC e uma das pesquisadoras responsáveis pela patente. É ela quem explica o funcionamento do dispositivo e o método criados:
"O dispositivo patenteado consiste de um sistema de pré-digestão de amostras que facilita essa etapa de preparação das amostras para posterior análise desses elementos por técnicas instrumentais, normalmente disponíveis em laboratórios de análise ou de controle de qualidade."
Esta etapa de preparação que Gisele menciona é imprescindível para que uma análise possa alcançar medidas corretas e confiáveis. E como esse processo leva tempo e exige maior manuseio das amostras, pode haver contaminação e outros problemas que venham a interferir nos resultados:
"O risco de cometer erros é grande. Então, as pesquisas na busca de métodos mais rápidos e eficientes são um grande desafio na área de química analítica. E foi isso que motivou a pesquisa, o desafio de propor um método de baixo custo e de fácil manuseio, que pode ser facilmente implementado em laboratórios de análise de rotina.”
A equipe vem trabalhando no aprimoramento do dispositivo desde 2012, ano em que o pedido da patente foi realizado. O Laboratório do Departamento de Química Analítica da UFC conta hoje com um protótipo do dispositivo.
Algumas pesquisas de estudantes de pós-graduação se debruçaram sobre o invento, rendendo ainda publicação em periódicos científicos internacionais. Mas apesar do reconhecimento, pesquisas como essas percorrem um longo caminho e desafios para serem desenvolvidas.
"É muito difícil alcançar esse resultado que a gente alcançou. E, além do mais, demora muito, né? Essa pesquisa já deve ter uns 15 anos que nós realizamos. E é importante as pessoas saberem que nós, pesquisadores, professores, dentro das universidades, nós temos grandes ideias. O que falta, na verdade, são recursos para que a gente possa desenvolver essas ideias."
Segundo a professora Gisele Lopes, a intenção da equipe agora é refinar o equipamento. E havendo interesse e investimento, que o dispositivo possa ser comercializado. No portal da UFC (www.ufc.br), você encontra mais informações sobre o invento e pode conferir imagens do protótipo.
Raquel Dantas para a Rádio Universitária FM