O medo de dentista não está presente apenas no universo das crianças, mas também dos adultos. Para alguns, o pavor é tanto que fazem questão de manter distância dos consultórios odontológicos. Não encaram os tratamentos ou ficam adiando, o que é bastante prejudicial para a saúde bucal e do corpo em geral.
Existem aqueles que não podem ouvir o barulho do motorzinho que já ficam nervosos ainda na sala de espera, e outros que não conseguem nem olhar para a agulha da anestesia usada pelo profissional em extrações de dentes ou outros procedimentos.
Mas uma nova invenção, que acaba de se tornar a primeira carta patente de titularidade exclusiva da UFC, pode acabar com o medo e trazer muita gente de volta à cadeira do dentista. A invenção é um equipamento robótico, de aplicação de anestesia bucal, e surge com a proposta de substituir as temíveis seringas nos procedimentos odontológicos, como explica o autor da invenção, o professor José Jeová Siebra, do Curso de Odontologia da UFC:
"Nosso equipamento apresenta quatro diferentes tecnologias que fazem com que evite que o paciente sinta dor. Entre elas, temos primeiro, o procedimento de vibração dos tecidos, que de certa forma isso tem uma teoria fisiológica por trás, onde evita a sensação de dor com a massagem vibratória. Depois, ao invés do dentista ter que penetrar a agulha, dentro do equipamento um sistema de vácuo succiona o tecido contra a agulha de uma forma controlada, penetrando apenas 1 a 2 milímetros. Na sequência, o equipamento realiza um procedimento que a gente chama de técnica de gota a gota, onde o líquido anestésico vai penetrando lentamente nos tecidos e já agindo. Só após essas três etapas é que a agulha passa a penetrar mais profundamente nos tecidos de forma lenta e gradual, de forma que a agulha penetre em áreas que já foram anestesiadas. Então, a junção dessas quatro tecnologias faz com que o paciente não sinta dor durante o procedimento operatório."
Na última semana, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu a carta patente que outorga à UFC a propriedade, em todo o território nacional, da invenção do novo equipamento. A patente, que tem validade de 10 anos, é a terceira alcançada pela Universidade e a primeira que traz a Instituição como única titular.
O professor José Jeová Siebra explica que a equipe de pesquisadores agora está na fase de busca de parceiros para que o equipamento chegue o mais breve possível ao mercado:
"O equipamento recebeu a carta patente, que foi depositada em 2013. Na verdade, não temos ainda uma previsão de chegada ao mercado, mas estamos em busca de parceiros que consigam nos ajudar, da forma mais breve possível, a colocar esse equipamento nas prateleiras."
No anseio de continuar inovando, o professor Jeová Siebra participa de um outro grupo de trabalho em uma nova invenção. O novo projeto pretende criar um mecanismo que evite a contaminação de dentistas com o novo coronavírus ou outros vírus na hora em que estes estão fazendo os procedimentos.O pesquisador fala também sobre os avanços desta pesquisa:
"Estou participando de um novo projeto, inclusive um projeto apoiado pela FUNCAP de uma forma emergencial, eu e outros três professores, o professor Renato Maia, o professor Moacir Tavares e o professor Ricardo Abreu. É um projeto bastante interessante, onde a gente consegue já na origem evitar a contaminação do ambiente pelos aerossóis. Estamos bastante confiantes, já realizamos testes preliminares, inclusive microbiológicos, que têm mostrado a efetividade desse equipamento. Esperamos, em breve, realizar algumas pesquisas na UFC, de forma que a gente possa disponibilizá-los para a maioria dos dentistas, e assim evitar a contaminação dos profissionais e dos pacientes."
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Jorge Lira, considera que a inovação na UFC resulta de uma trajetória de excelência em pesquisa que vem se consolidando na Instituição, desde os anos 1990, quando começaram a funcionar os primeiros cursos de doutorado. Outro destaque, segundo ele, é que a Universidade tem uma comunidade científica com forte potencial de internacionalização e de impacto social.
Reportagem de Márcia Vieira para a Rádio Universitária FM