No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Os coronavírus já são uma família conhecida pelos cientistas, mas a versão causadora da Covid-19 infectou os primeiros seres humanos em Wuhan, na China, em dezembro de 2019.
Desde então, já são mais de 1 milhão de pessoas infectadas em todo o mundo, mais de 55 mil mortes e cerca de 200 mil pacientes que se recuperaram. Quem faz esse monitoramento a nível mundial é a Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos. Em vários países ao redor do mundo, as medidas de enfrentamento são as mesmas: higiene pessoal rigorosa e quarentena ou isolamento social da população.
Com tempo livre em casa, as pessoas têm recorrido a filmes, séries e livros para se distrair, e algumas dessas produções, apesar de antigas, se tornaram muito populares neste período de quarentena por terem “previsto”, com algumas semelhanças, a situação em que o mundo se encontra agora.
De antemão: o que torna alguns desses projetos tão próximos da realidade é a relação deles com a ciência. Abordando assuntos do campo científico, é muito comum que roteiristas, diretores e autores façam consultas a cientistas e outros pesquisadores, sempre atentos aos estudos mais recentes, para que a produção seja o mais verossímil possível.
Epidemia
Betsy, uma macaco-prego africana, trazida ilegalmente para a Califórnia, é portadora de um novo vírus desconhecido pela humanidade. Ela infecta o jovem que tenta vendê-la no mercado negro e, a partir dele, outras pessoas na cidade fictícia de Cedar Creek são infectadas. Ao decorrer do filme, o vírus sofre uma mutação e se torna transmissível pelo ar, infectando pessoas em uma sala de cinema, dando início a uma epidemia.
O filme, que estreou em 1995, foi dirigido por Wolfgang Petersen e o elenco conta com Dustin Hoffman, Rene Russo, Morgan Freeman e Cuba Gooding Jr.
Os coronavírus são velhos conhecidos da ciência, causadores de doenças como a SARS. Só que assim como o vírus do filme se transforma, o vírus da Covid-19 é uma nova versão de coronavírus, que pode ter surgido a partir de mutações ou simplesmente já estar presente na natureza, sem o conhecimento humano.
Também como no filme, as salas de cinema se mostraram ambientes muito propícios à transmissão da Covid-19, pela aglomeração de muitas pessoas em um ambiente fechado. Isso resultou no fechamento de cinemas ao redor do mundo e no adiamento da estreia de filmes previstos para o primeiro semestre deste ano. Disponível na Netflix.
Morte em Veneza
O livro que narra a paixão platônica e obsessão de Gustav von Aschenbach pelo jovem Tadzio foi publicado pelo autor Thomas Mann pela primeira vez em 1912. Aschenbach é um autor em seus 50 anos que está de viagem em Veneza, na Itália. Em seu hotel, ele conhece Tadzio, jovem de uma família polaca, desenvolve sentimentos por ele e passa a segui-lo pela cidade, sem nunca ousar falar com o rapaz.
O que tornou essa narrativa popular hoje, 108 anos depois de sua primeira publicação, foi o fato de que, na história, a cidade de Veneza está passando por uma epidemia de cólera que é negada pelas autoridades, de forma que isso não prejudique o turismo local.
O paralelo com o novo coronavírus é claro: a Itália é, hoje, um dos países mais afetados pela Covid-19, tendo um número de mortes quase quatro vezes maior que o da China, onde a pandemia teve início. A negligência das autoridades competentes também foi problema na vida real, com o governo italiano menosprezando a gravidade do assunto e resistindo inicialmente à ideia de colocar a população em isolamento social. Saiba mais sobre a obra no Google Livros.
Contágio
Nesse filme de Steven Soderbergh, de 2011, uma empresária estadunidense morre de forma misteriosa depois de retornar de uma viagem de negócios em Hong Kong. Ela é apontada como a paciente zero de um novo vírus, o MEV-1, que rapidamente se espalha e faz vítimas pelo mundo.
Ainda que o vírus do filme seja bem mais letal e perigoso que o novo coronavírus, as semelhanças são claras: a disseminação da doença em novos territórios a partir de pessoas que chegam de viagem, as populações de quarentena em casa para evitar a transmissão e os esforços mundiais para o desenvolvimento de uma vacina e de tratamentos eficazes contra o novo agente são alguns exemplos. Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Laurence Fishburne e Marion Cotillard são alguns nomes que compõem o elenco. Disponível na Looke.
Enquanto o mundo real luta contra a Covid-19, com as populações isoladas em casa de forma a achatar a curva de disseminação da doença nos países, a ficção, muitas vezes embasada pelos estudos científicos, nos mostra que alguns futuros que consideramos distópicos podem se tornar uma realidade bem próxima.