06/12/23

Servidor da UFC desenvolve pesquisa sobre vinis e tradições afroreligiosas

Imagem do disco "Gira Girê", lançado em 1974, pelo selo Tapecar Gravações (Foto: Instagram Sravah Soundz)

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Uma pesquisa abrangente sobre os discos de vinis ligados às tradições afrorreligiosas está em desenvolvimento por Éden Barbosa, servidor técnico-administrativo, lotado no Memorial da Universidade Federal do Ceará. O estudo intitulado “Do Terreiro ao Vinil” faz parte de seu doutorado no Núcleo de História e Memória da Faculdade de Educação da Universidade. O pesquisador busca comprovar que os discos são artefatos culturais da educação. Segundo Barbosa, o repertório, cujo recorte vai de 1930 a 1980, totalizando cerca de 1000 discos, traz uma série de manifestações da cultura e influencia até hoje a música brasileira.

"São discos que na época, em  1930, levavam no seu selo musical o gênero macumba. Getúlio Marinho foi um dos maiores compositores dessa época e que digamos ele protagonizou parte dessa tradição de fonogramas de terreiro. E depois temos uma série de discos aí vinculados à tradições de umbanda, discos vinculados ao candomblé, esses discos eles foram gravados não apenas reproduzindo o ambiente de terreiro, eles também foram sendo modificados, estilizados, gerando uma série de gêneros e subgêneros."

Éden procura investigar como e em que terreiros os discos foram gravados, além da repercussão nos jornais da época. Ao longo de dois anos, o pesquisador fez descobertas interessantes, como discos gravados no Brasil, mas que não foram comercializados por aqui. Ele cita outros achados.

"Por exemplo, aqui no Ceará nós temos dois discos de umbanda que foram gravados aqui no Ceará. Que foram gravados inclusive no  primeiro estúdio de Fortaleza, ali na Senador Pompeu. Então assim, eu consegui ainda entrevistar o senhor Mauro Coutinho, que foi o técnico de som desse disco, ele que digamos que fez esse disco nascer, bolou a técnica de gravação pra poder gravar esse disco e foi gravado por um intérprete que era cantor de rádio da época, que era o João Bob. Então assim, é uma pesquisa que ela movimenta um grande número de pessoas, movimenta pessoas no terreiro, povo de axé, movimenta também pessoas, técnicos, colecionadores, o acervo Nirez também está ajudando muito, seu Nirez ajuda muito nessa pesquisa."

Em geral, conforme Barbosa, os discos, com tiragens muitas vezes bastante limitadas, foram gravados de forma independente, destacando o protagonismo das comunidades de terreiro. Parte da pesquisa se encontra no perfil @saravahsoundz no Instagram com o qual Éden se aproxima do público dos discos. Ao fim da pesquisa, ele planeja não apenas a publicação de um livro sobre o trabalho, mas ainda o lançamento de um disco com algumas das músicas.

Reportagem de Síria Mapurunga

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