Uma escola feita de sabedorias, de sonhos e de lutas. Esse é o esboço da primeira escola indígena do Cariri, desenhado e desejado por ancestralidades da região, e que vai tomando forma, e ganhando forças, neste ano.
A Escola Indígena Isú-Kariri é uma demanda antiga da etnia e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas e está sendo instalada no município de Brejo Santo, a cerca de 500 quilômetros de Fortaleza.
Ela deve unir os conhecimentos ancestrais e comunitários ao conteúdo das disciplinas tradicionais, além de garantir o ensino bilíngue: da língua português e da língua originária.
O professor da Universidade Federal do Cariri Will Kurruíra, que faz o caminho de volta até os antepassados, fala sobre o processo de implantação da Escola Indígena Isú-Kariri.
"Então, a nossa inspiração são os professores, as professoras do povo Xucuru e do povo Truká. Tudo que a gente tem aprendido com eles e com elas serão a didática desses professores e professoras, dessas escola indígenas que a gente está colocando no projeto pedagógico da escola pra que a gente construa a escola indígena Isú-Kariri."
A Universidade Federal do Cariri é mediadora entre os saberes, soma o professor Will Kurruíra.
"A partir desse ano, a gente submeteu a proposta de uma Licenciatura Intercultural Indígena para formação de professores indígenas junto ao programa Parfor Equidade. E a gente está aguardando a resposta, a espera positiva pra gente iniciar esse curso ainda em 2024 para formação dos professores e que vão atuar nas nossas escolas indígenas."
Will Kurruíra destaca ainda que a escola indígena é um sonho que se sonha e que se luta juntos para realizar.
"A gente está integrado ao Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena, está integrado, a partir desse ano também, ao Programa Saberes Indígenas na Escola que vai trazer recurso, que vai trazer meios para que a gente também produza material específico do povo Isú-Kariri, pra que a gente proponha informações continuadas. E dizer que a gente está no início da implantação da escola indígena Isú-Kariri, mas que a gente também está demandando da Coordenadoria Regional de Ensino aqui do Ceará a criação da escola de ensino médio, que é outra demanda, e a luta continua, dentro e fora da escola, dentro e fora do território."
No início, a Escola Indígena Isú-Kariri vai atender do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, além da Educação de Jovens e Adultos.
Reportagem de Ana Mary C. Cavalcante
