Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza esse tipo de procedimento. Além disso, 57% de todas as cirurgias plásticas feitas no país têm fins puramente estéticos, como aponta uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Os procedimentos mais procurados pelos pacientes são os implantes de silicone nos seios, a lipoaspiração e a abdominoplastia.
No entanto, esse mercado também possui um lado negativo. No ano de 2018 diversos casos de procedimentos estéticos irregulares foram levados à mídia. Somente entre os meses de julho e agosto foram noticiados quatro casos de mortes devido a esses procedimentos.
Já no Ceará, no dia 21 de agosto, um grupo foi identificado por aplicar golpes em pessoas interessadas em realizar cirurgias plásticas. Até o momento, já são mais de 40 vítimas afetadas no caso.
Naiana Rodrigues, professora de jornalismo da UFC e doutoranda em Comunicação pela Universidade de São Paulo, questiona o papel da mídia no reforço aos padrões de beleza:
“Ela (a mulher) é bombardeada de várias mensagens midiáticas, da grande mídia. Mas por mensagens, principalmente também, veiculadas pelas redes sociais, porque você tem aí youtubers, você tem aí influenciadores digitais que acabam sendo porta-vozes, sendo exemplares de um padrão de beleza, de um discurso sobre beleza que também pressiona essas mulheres, então isso acaba gerando uma insatisfação da mulher com a vida que ela leva, com o corpo que ela tem. A gente tem que começar a aceitar que existem corpos diferentes e que esse padrão é opressor para alguns corpos que, por mais malhação, por mais investimento que a pessoa faça, nunca vão estar dentro desse padrão.”
Para a professora, além de noticiar os fatos relacionados a essa temática, os meios de comunicação devem questionar o que leva algumas mulheres a procurarem esse tipo de procedimento, além de tratar o corpo feminino com mais responsabilidade.
E esse padrão de beleza está diretamente relacionado com o número de procedimentos estéticos realizados no Brasil. Segundo a psicóloga e mestranda pela UFC, Verlene Alves, os procedimentos indevidos poderiam ser evitados com acompanhamento psicológico:
“Parte muito de um desejo não cuidadoso da própria pessoa. Por exemplo, é uma vontade tão grande que a pessoa tem de mudar, de atingir um certo referencial de beleza, que as pessoas não se preocupam com o próprio cuidado com elas. É muito coerente que uma pessoa que faça um procedimento estético em um local não apropriado saiba os riscos que ela está correndo, e mesmo assim ela faz, porque parece que a vontade dela se sobrepõe ao próprio cuidado com a saúde. É preciso ter muito cuidado com essas questões, porque isso já faz a gente pensar que existe um aspecto psicológico por trás, que poderia ser cuidado, que poderia ser menor manejado, para que as pessoas evitassem fazer escolhas como essa.”
Apesar disso, nem todo procedimento estético é perigoso e desaconselhável. Se o paciente de fato tiver uma indicação para realizar a cirurgia e o fizer de forma consciente e responsável, os riscos caem bastante. É o que explica Vitor Muniz, cirurgião plástico do Hospital Universitário Walter Cantídio, da UFC:
“Uma cirurgia plástica bem indicada, realizada por um profissional qualificado, em um ambiente hospitalar adequado, ela raramente leva a complicações. As complicações são muito raras quando são observados esses critérios. Então é importante que o paciente tenha esse discernimento de procurar um profissional habilitado.”
Para quem tiver interesse em realizar um procedimento estético, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica tem uma lista com todos os médicos habilitados nessa área no Brasil, basta acessar o site da instituição.
Matéria feita por Maryana Lopes com orientação de Carolina Areal