07/04/20

Novas rotinas: Trabalhando fora de casa

Durante o isolamento social, os funcionários de supermercados e outros serviços considerados essenciais continuam trabalhando normalmente (Foto: Zoranm/iStock)

Em meio à pandemia mundial de Covid-19, países por todo o mundo têm seguido medidas de isolamento social para diminuir a propagação do vírus. Algumas pessoas conseguiram adaptar sua rotina de trabalho dentro de seus lares, realizando o chamado home-office. Porém, para muitos, ficar em casa não é uma opção.

A farmacêutica Daniele Gomes conta que a única mudança  em sua rotina de trabalho foi ter adotado cuidados redobrados (Foto: Arquivo Pessoal)

A farmacêutica Daniele Gomes conta que a única mudança em sua rotina de trabalho foi ter adotado cuidados redobrados (Foto: Arquivo Pessoal)

São os profissionais de serviços essenciais que precisam sair de suas casas todos os dias. Fazem parte dessa lista pessoas que trabalham na saúde, segurança pública e serviços de abastecimento, por exemplo. A farmacêutica Daiane Gomes, 25 anos, conta que segue sua rotina normal de trabalho em uma farmácia. Não houve redução de horário, nem mudança na escala. O que mudou mesmo foram os cuidados com a higiene, que foram redobrados. “Lavar sempre a mão, passar álcool em gel, utilizar máscaras, tentar manter uma distância de outras pessoas”, enumera Daiane.

A atendente de supermercado Iraci Gomes, 58, relata que a empresa em que trabalha tem tomado as devidas precauções com seus funcionários. “Todo dia, a gente recebe um suco de laranja. Eles nos fornecem frutas, há álcool em gel para higienizar as mãos toda hora. Todo setor tem”, conta Iraci.

A policial militar Camila Cavalcante, 31 anos, e seus colegas aderiram ao hábito de maior higienização do ambiente de trabalho. “Cada um limpa a sua área de trabalho. Todo mundo está tendo seu cuidado. Eu vejo a preocupação de todo mundo lá no meu trabalho, graças a Deus. Porque se fosse diferente ia ser mais tenso”, reflete.

Tensão ao sair de casa

Camila confessa que tem passado por sentimentos de ansiedade e que a hora de sair para trabalhar lhe traz preocupação. “É muito tenso você estar correndo risco de ser infectado. Então eu não sei o que é pior: se é estar dentro de casa ou ser obrigada a sair para trabalhar”, conta a policial. Camila confessa também que sua angústia vem do medo de contaminar seus familiares. “Eu tenho minha avó e meu avô que moram próximos a mim, mas eles estão dentro de casa. A família inteira está evitando ao máximo ter contato. Minha avó só chora”, lamenta.

A policial militar Camila Cavalcante revela ter medo de contaminar seus familiares já que continua saindo de casa para trabalhar (Foto: Arquivo Pessoal)

A policial militar Camila Cavalcante revela ter medo de contaminar seus familiares já que continua saindo de casa para trabalhar (Foto: Arquivo Pessoal)

Por trabalhar em uma farmácia, Daiane revela que passa pela mesma tensão ao se expor. “A gente tem contato com muitas pessoas que podem estar contaminadas e que vem para cá [a farmácia] antes de ir ao hospital. Fica a incerteza, sem saber se você está contaminado ou não”, relata.

Para a atendente de supermercado Iraci, este período trouxe mais um transtorno. Um dos efeitos colaterais da diminuição da circulação de pessoas pelas ruas foi a redução da frota de ônibus, o que tem atrapalhado o deslocamento da atendente para o local de trabalho. “A gente demora muito a chegar no trabalho. A gente está sempre chegando atrasado”, revela. Iraci ainda destaca o medo que sente em se contaminar nos veículos coletivos.

O trabalho de Daiane, Iraci e Camila é fundamental para que a superação desta pandemia seja feita com menores traumas. Sem o trabalho delas e de outros profissionais, o combate ao novo coronavírus se tornaria ainda mais árduo. Quando tudo isso passar, haverá muita gente a quem deveremos gratidão. Essas mulheres certamente estarão na lista.

Reportagem de Gustavo Castello, com orientação de Carolina Areal e Igor Vieira

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