Em meio à pandemia mundial de Covid-19, países por todo o mundo têm seguido medidas de isolamento social para diminuir a propagação do vírus. Algumas pessoas conseguiram adaptar sua rotina de trabalho dentro de seus lares, realizando o chamado home-office. Porém, para muitos, ficar em casa não é uma opção.
São os profissionais de serviços essenciais que precisam sair de suas casas todos os dias. Fazem parte dessa lista pessoas que trabalham na saúde, segurança pública e serviços de abastecimento, por exemplo. A farmacêutica Daiane Gomes, 25 anos, conta que segue sua rotina normal de trabalho em uma farmácia. Não houve redução de horário, nem mudança na escala. O que mudou mesmo foram os cuidados com a higiene, que foram redobrados. “Lavar sempre a mão, passar álcool em gel, utilizar máscaras, tentar manter uma distância de outras pessoas”, enumera Daiane.
A atendente de supermercado Iraci Gomes, 58, relata que a empresa em que trabalha tem tomado as devidas precauções com seus funcionários. “Todo dia, a gente recebe um suco de laranja. Eles nos fornecem frutas, há álcool em gel para higienizar as mãos toda hora. Todo setor tem”, conta Iraci.
A policial militar Camila Cavalcante, 31 anos, e seus colegas aderiram ao hábito de maior higienização do ambiente de trabalho. “Cada um limpa a sua área de trabalho. Todo mundo está tendo seu cuidado. Eu vejo a preocupação de todo mundo lá no meu trabalho, graças a Deus. Porque se fosse diferente ia ser mais tenso”, reflete.
Tensão ao sair de casa
Camila confessa que tem passado por sentimentos de ansiedade e que a hora de sair para trabalhar lhe traz preocupação. “É muito tenso você estar correndo risco de ser infectado. Então eu não sei o que é pior: se é estar dentro de casa ou ser obrigada a sair para trabalhar”, conta a policial. Camila confessa também que sua angústia vem do medo de contaminar seus familiares. “Eu tenho minha avó e meu avô que moram próximos a mim, mas eles estão dentro de casa. A família inteira está evitando ao máximo ter contato. Minha avó só chora”, lamenta.
Por trabalhar em uma farmácia, Daiane revela que passa pela mesma tensão ao se expor. “A gente tem contato com muitas pessoas que podem estar contaminadas e que vem para cá [a farmácia] antes de ir ao hospital. Fica a incerteza, sem saber se você está contaminado ou não”, relata.
Para a atendente de supermercado Iraci, este período trouxe mais um transtorno. Um dos efeitos colaterais da diminuição da circulação de pessoas pelas ruas foi a redução da frota de ônibus, o que tem atrapalhado o deslocamento da atendente para o local de trabalho. “A gente demora muito a chegar no trabalho. A gente está sempre chegando atrasado”, revela. Iraci ainda destaca o medo que sente em se contaminar nos veículos coletivos.
O trabalho de Daiane, Iraci e Camila é fundamental para que a superação desta pandemia seja feita com menores traumas. Sem o trabalho delas e de outros profissionais, o combate ao novo coronavírus se tornaria ainda mais árduo. Quando tudo isso passar, haverá muita gente a quem deveremos gratidão. Essas mulheres certamente estarão na lista.
Reportagem de Gustavo Castello, com orientação de Carolina Areal e Igor Vieira