Vitória Rassanth
Especial para a Rádio Universitária FM 107,9
No último sábado, 13 de abril, o Anfiteatro do Dragão do Mar recebeu o Brasil Grime Show a convite da Hip Hop Fortal e do 4rtin. Pela primeira vez, a cidade de Fortaleza foi palco do projeto audiovisual, registrando uma noite inesquecível de muito grime. Essa vertente do rap surgiu em rádios piratas em Londres a partir do hip-hop e de outros gêneros eletrônicos importantes na cena musical britânica, como o UK Garage e o drum and bass.
A dinâmica das apresentações em Fortaleza consistiu em artistas rimando nos beats de grime e outros estilos, tocados pelo DJ. Com a perfeita performance e sintonia com o público, aconteceram os chamados rewinds, quando o DJ "rebobinou" e os artistas cantaram novamente seus versos em freestyle.
A apresentação do evento foi realizada pelo cerimonialista e multiartista Michael Rizzi e a abertura contou com os sets da DJ Nandi e do DJ Rennó. O line up trouxe os projetos Fortal Grime (BAKKARI, Cabulosa, 6utto e DJ Rennó), 4rtin (KKRT, Má Dame, Zetsu, Farell, TKR, Lunática e DJ Alucasx) e, diretamente do Rio de Janeiro, Brasil Grime Show (diniBoy, SD9 e VND).
Esse encontro foi idealizado pela Hip Hop Fortal e pelo 4rtin, projetos que incentivam e divulgam personalidades cearenses, descentralizando o cenário nacional e mostrando suas potências para além do eixo Sul/Sudeste. Reunindo artistas periféricos e desestigmatizando suas vivências e manifestações, os coletivos reafirmam a cultura hip hop na capital e todas as expressões artísticas que a constroem e fomentam.
Mais uma vez, Fortaleza mostrou que a cena de seus rappers é muito mais que local, subvertendo as limitações regionais. Movimentando a produção musical, os artistas daqui vêm estabelecendo os mais diversos subgêneros, e sempre com uma plateia firme e recíproca, que canta, dança e forma rodas punk.
Esse "bate-cabeças" expressa a energia dos presentes, numa tradição dos bailes black e dos espaços underground. As colisões são também culturais, anunciando uma mania de resistência que expressa vida — e vivemos — dos subúrbios ao centro das nossas cidades.