06/10/20

José de Alencar e o jornalismo como ponto de partida

Reconhecido como um dos principais romancistas brasileiros, José de Alencar foi, antes de tudo, um escritor realista (Foto: De Agostini/Getty Images)

Para traçar o caminho como um dos grandes escritores, na literatura brasileira, o romancista cearense José de Alencar teve o jornalismo como ponto de partida. É o que demonstra o novo livro do pesquisador Renato Barros de Castro, intitulado José de Alencar: entre o Jornalismo e a Ficção.

A publicação encontra dois folhetins inéditos em livro e que foram publicados, originalmente, em 1856, no jornal Diário do Rio de Janeiro. A partir deles, Renato Barros de Castro descobre um outro José de Alencar: mais realista. Nesta entrevista para a Rádio Universitária FM, o pesquisador acompanha as linhas que retratam o jovem Alencar e que unem passado e presente nos folhetins inéditos:

"E que, apesar de terem sido publicados nesse jornal em 1856, são textos que falam de temas muito atuais, como a corrupção no território brasileiro e as críticas ao imperador do Brasil quanto ao melhor uso dos recursos públicos. Então, eu posso dizer que, diante dessa pesquisa, o que a gente nota é que os romances dele nasceram praticamente das crônicas, e tudo que ele viria a fazer depois começou ali na atividade dele na imprensa."

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O livro traz um lado pouco conhecido de José de Alencar, destacando sua atuação na imprensa carioca (Foto: Divulgação)

O futuro patrono da cadeira número 23, da Academia Brasileira de Letras, escolhido por Machado de Assis, começou tímido, circulando pelos eventos sociais do Império. No princípio, era o noticiário social, destaca o escritor e jornalista Renato Barros de Castro. A cada coluna social, José de Alencar cruzava fatos corriqueiros e lirismo, chegando ao território da crônica. E, da crônica para o romance, foi o próximo passo do autor de Iracema:

"É importante a gente destacar que os dois primeiros romances dele, que são Cinco Minutos e A Viuvinha, são espécies de desdobramentos das crônicas, tanto em relação ao tema como em relação à linguagem. Em muitos trechos desses romances existe como uma espécie de quase paráfrase do que ele tinha falado nas crônicas."

 Reconhecido como um dos principais romancistas brasileiros, José de Alencar foi, antes de tudo, um escritor realista, aproxima o pesquisador Renato Barros de Castro:

"Estudando de perto essas crônicas produzidas por ele na década de 1850, que foi quando ele começou a carreira como jornalista e cronista, atividade que iria proporcionar inclusive a sua chegada à produção de seus primeiro romances, que são Cinco Minutos e a Viuvinha,  a gente percebe um viés realista em todos esses trabalhos."

 Fora dos salões aristocráticos, José de Alencar escrevia a vida como ela era – e ainda é:

"Chegando a reclamar do preço dos alimentos, criticando os poderosos, os governantes e mostrando-se a favor inclusive do fim da escravidão, embora, muito lamentavelmente,  ele  viesse mudar de opinião mais tarde."

O livro José de Alencar: entre o Jornalismo e a Ficção pode ser adquirido no site da editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul ou no site da Amazon.

Reportagem de Ana Mary Cavalcante.

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