Esse trecho da canção interpretada por Tulipa Ruiz evoca toda a força e ao mesmo tempo a sensibilidade feminina. Entra ano, sai ano e quando chega próximo ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no 8 de março, as desigualdades de gênero sempre voltam a ser lembradas. Apesar de muitas conquistas, elas ainda não estão no mesmo patamar dos homens no que diz respeito aos espaços de poder, por exemplo.
Nesse sentido, o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, lançou ontem a segunda edição do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”. A técnica Luanda Botelho, Analista de Indicadores Sociais do órgão, aponta o principal resultado da pesquisa:
"A principal conclusão que nós podemos tirar desse conjunto de indicadores é que se por um lado a ampliação das políticas sociais e o incremento das condições de vida da população em geral também implicam uma série de melhoras de indicadores das mulheres, em especial em campos da saúde e a educação, por outro lado essas políticas mais amplas, mais gerais, elas não são suficientes para colocar as mulheres em situação de igualdade com os homens, em especial no mercado de trabalho, em posições de liderança, espaços de tomada de decisão, nem protegê-las de situações de vulnerabilidade como é a violência, o casamento precoce."
A pesquisa foi desenvolvida em torno de um conjunto mínimo de indicadores de gênero recomendado pelas Nações Unidas, abarcando uma série de temas como mercado de trabalho, vida pública e tomada de decisão, educação, saúde e direitos humanos. Luanda explica que em todas as sociedades existe diferença entre o que é esperado, permitido e valorizado em uma mulher e em um homem. De acordo com a Analista, essas diferenças podem determinar desigualdades no bem estar geral de cada um. Ela apresenta pontos em que houve avanços e fala sobre a situação das disparidades de gênero no Ceará:
"O caso da mortalidade infantil de meninas é um bom exemplo. Você teve uma redução das chances de uma menina morrer antes de completar cinco anos entre 2011 e 2019, a região Nordeste inclusive se destacou nessa redução, mas por outro lado uma série de indicadores, tanto do mercado de trabalho quanto desses espaços de tomadas de decisões, em que as mulheres continuam em desvantagem e sub representadas. Um desses casos é a ocupação dos cargos gerenciais no Ceará. Em 2019, apenas 40% dos cargos geracionais eram ocupadas pelas mulheres, apesar de as mulheres serem maioria da população, e é uma desigualdade que é estrutural."
Luanda Botelho destaca ainda que as mulheres são a maioria da população, inclusive no Ceará, mas mesmo assim representaram apenas cerca de 18% das vereadoras eleitas em 2020.Alguns dos indicadores da edição do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil” serão divulgados na plataforma da Agenda 2030 para o monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, principalmente o ODS 5, que é alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
Síria Mapurunga para a Rádio Universitária FM
