Você já ouviu falar em Estudo das Gerações? Esse estudo é utilizado para descobrir os principais hábitos, valores e ideologias das pessoas, e entender como o contexto social, político e histórico influenciam as suas vivências e projeções profissionais. Como o mundo está em constante transformação, é utilizado um recorte temporal como referência para compreender as características de cada público. Por exemplo, pessoas nascidas entre o início da década de 1980 e meados dos anos 1990 fazem parte da Geração Y, também conhecida como Millenial. Já os que nasceram de meados da década de 1990 até o fim dos anos 2000 integram a Geração Z.
Marina Roale é líder de pesquisa e insights no Grupo Consumoteca. Ela afirma que o contexto histórico é muito importante para entender uma geração, já que essas pessoas estão compartilhando os mesmos conflitos. Mas ela alerta que falar em geração não significa colocar um rótulo nas pessoas, pois existe uma junção de valores e ideologias. “Você tem um recorte geracional, mas é claro que pessoas têm opiniões diferentes, as pessoas têm personalidades diferentes independentemente da geração que elas fazem parte”, explica Marina.
Os jovens, historicamente, influenciam a sociedade. Por isso, eles são utilizados como referência nessas pesquisas para que os especialistas possam captar as particularidades de uma determinada geração e projetar os seus próximos passos. “Os jovens são analisados desde a década de 1970. A primeira geração muito analisada foi a Baby Boomer [1945 a 1964]. Ela foi muito pesquisada com relação aos comportamentos e hábitos de consumo. Foi assim que começou os estudos geracionais”, comenta Sidnei Oliveira, mentor de carreira e autor do livro Gerações - Encontros, Desencontros e Novas Perspectivas. De acordo com Sidnei, quando se avalia as gerações, principalmente as mais jovens, “o objetivo é ver tendências e elementos a partir do comportamento dos mais jovens que nos ajude a entender para onde nós estamos caminhando”.
Geração Y x Geração Z
As gerações Y e Z são hiperconectadas, mas existem diferenças entre elas. Os Millenials nasceram na transição entre o analógico e o digital, enquanto os integrantes da Geração Z são considerados os primeiros nativos digitais da história. “A Geração Y chegou à Internet quando tudo era mato. A gente até brinca que ‘quem nunca comeu melado, quando come se lambuza’. E foi isso que essa geração fez. Ela entra em contato com essa tecnologia e descobre a potência das redes sociais, o quão interessante pode ser você ter contato com o mundo globalizado, e essa geração foi vivendo sem pensar muito, colocando todo o otimismo nas redes”, afirma Marina Roale. Porém, a Geração Y também foi a “primeira a ver problemas de privacidade, de distorção de imagem a cair em fraudes”, complementa a líder de pesquisa e insights.
Marina Roale acredita ainda que os indivíduos da Geração Z já conseguem desbravar a internet de forma mais consciente, pois o terreno digital está mais consolidado. “Essa geração não lembra do mundo sem Internet, essa coisa de on e off já faz parte do mundo que essas pessoas conhecem. Elas sabem a lógica do online, sabem como que funciona construir uma reputação online”, reforça Marina.
Segundo o mentor de carreira e escritor Sidnei Oliveira, o cenário que permitiu a criação da videoconferência e do smartphone, por exemplo, foi construído pela geração que assistia Star Trek, a juventude de 1960 e 1970. “O fator mais importante para entender as gerações é olhar os jovens de hoje, as gerações Y e Z, e observar o que eles aspiram agora. Boa parte dessas aspirações vão configurar na realidade que veremos daqui a 10, 15, 20 anos. Os protagonistas da mobilidade no futuro serão os Millenials”, afirma Sidnei.
Reportagem de Davi Holanda com orientação de Carolina Areal e Igor Vieira