Você acha que bar e ciência são uma boa combinação?
Fortaleza recebe nos dias 20, 21 e 22 de maio o festival Pint of Science. O evento é uma iniciativa internacional que leva cientistas a bares para conversar e tirar dúvidas do público sobre suas pesquisas. Gustavo Belchior, biólogo e diretor financeiro do Pint of Science Brasil, explica a importância da iniciativa:
"O Pint of Science é importante para a divulgação científica no Brasil porque ele se mostrou justamente como um festival que funciona para atingir esse objetivo, ou seja, de levar o conhecimento científico para o amplo público, isso de uma forma bastante descontraída e que vem funcionando muito bem ao longo dos anos. O público brasileiro de uma forma geral gostou bastante e esse público é a família, são os amigos que estão ali reunidos para tomar uma cerveja, e vão encontrar algum pesquisador, algum cientista, alguém que é afim de ciência, falando sobre algum tema de interesse".
O Pint of Science foi criado em 2012 na Inglaterra e, desde então, vem se expandindo pelo mundo. Neste ano, 24 países recebem o festival. Em Fortaleza, os pesquisadores vão discutir temas nas áreas de astronomia, saúde, biodiversidade, ciência dos alimentos, engenharia de transportes e direito.
O Brasil é o país com mais municípios participando do festival em 2019, com um total de 85 cidades. A bióloga e diretora de comunicação do Pint of Science Brasil, Sylvia Maria, comenta esse resultado:
"Esse ano o Pint surpreendeu a todos. O Brasil é o campeão do Pint of Science, com 85 cidades participantes. De Bragança no Pará até Alegrete no Rio Grande do Sul, durante três dias consecutivos nós vamos ter cientistas falando sobre ciência, sobre as pesquisas. No ano passado foram 56 cidades, nesse ano são 85, então é um crescimento exponencial. Apesar de todos os cortes que a gente vem sofrendo aí na ciência e na educação, verdadeiramente o interesse pela ciência tanto da área acadêmica, do cientista, quanto do público, se mantém".
Para Ana Elisa Sidrim, organizadora do Pint of Science em Fortaleza e analista de comunicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o bar é um ambiente ideal para realizar esse diálogo com a população de forma descontraída:
"Eu acredito que o bar pode ser um local não só para fazer amigos e confraternizar, mas também para discutir algo tão importante quanto ciência. Acho que a gente pode fazer isso de forma acessível, descontraída, e sem perder a credibilidade para as pessoas. Eu acredito que o ambiente do bar ajuda na aproximação dos cientistas com a população".
O nome do festival vem da medida pint, usada para se referir ao tamanho do copo em que a cerveja é servida em bares e pubs no Reino Unido. A medida equivale a 655 mililitros.
Ana Cecília Ribeiro, pesquisadora da Embrapa e doutora em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, é uma das cientistas que vai participar do Pint of Science em Fortaleza. Sua pesquisa trata sobre a conservação de recursos genéticos como estratégia para a diminuição da degradação ambiental. Para a cientista, participar do festival é uma oportunidade única de divulgar o conhecimento científico junto à sociedade:
"O que mais me motivou em participar do Pint of Science é a divulgação da importância desse tema junto à sociedade. É que aprender algo relevante de forma casual é bem legal. Muitas vezes, são assuntos que impactam as vidas das pessoas direta ou indiretamente, mas nunca forma discutidos entre roda de amigos e entre a família, a menos que você faça parte de um grupo de pesquisa específico".
O Pint of Science acontece em três bares da capital cearense: no Cantinho do Frango, no dia 20; no Brava Bar, no dia 21; e no Boozer’s Pub, no dia 22. A entrada é gratuita e o público paga apenas o que consumir nos estabelecimentos.
Em Fortaleza, o evento é realizado por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
A programação completa e mais informações estão disponíveis aqui.
Reportagem de Caroline Rocha com orientação de Carolina Areal e Igor Vieira