Ouça "Exposição com obras inéditas de Leonilson na Pinacoteca" no Spreaker.
Um título que expõe o tamanho da natureza do artista: Leonilson: Montanhas protetoras e, ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das amizades. Esse é o reflexo da nova mostra da Pinacoteca do Ceará, formado por pinturas, desenhos, instalações e bordados do artista.
São cento e dezessete obras, incluindo trabalhos inéditos, feitas entre a década de 1970 até a morte de Leonilson, em 1993. As obras unem a natureza com as emoções do artista, costura Aline Albuquerque, curadora da exposição.
"Tanto os elementos naturais como os fenômenos naturais são equivalências sensíveis, das emoções, dos sentimentos, da subjetividade do Leonilson, que ele também vai ao longo do tempo transformando esses fenômenos naturais numa pequena gramática pictórica dele. Então os vulcõezinhos eles vão ficando cada vez mais simples, mas eles nunca a potência desse significado."
Para o também curador Ricardo Resende, os fenômenos naturais são reelaborados por Leonilson em paisagens-sentimentos.
"Paisagens internas e paisagens externas. Então é a maneira como o Leonilson vai construir esse repertório de sentimentos. Então, a exposição permite que o visitante, de alguma maneira, entre na obra do Leonilson e possa compreendê-la melhor."
E, pelos caminhos Das amizades, outras 128 obras da exposição reencontram artistas que conviveram com Leonilson ou que dialogam com a produção dele.
Os curadores Aline Albuquerque e Ricardo Resende mapearam os itinerários de afetos e de olhares do artista na Cidade de nascimento.
"Pela manhã, acordava, passava na casa do Batista Sena, depois ele ia no ateliê do Zé Tarcísio, depois ele ia, voltava pro Batista Sena, e era assim as viagens, essas estadias do Leonilson aqui em Fortaleza. Então, a gente mostra também de como essas vivências também influenciaram na obra dele. Muito dessa produção contemporânea Leonilson ao final dos anos 1970, início dos anos 1980, a sociedade cearense ainda não estava preparada pra receber e acolher a produção desses artistas, muitos deles homoafetivos. É muito importante a gente falar sobre isso porque Leonilson é sim um militante, então trazê-lo é sempre trazer essa questão. E dentre esses todos a gente traz uma mulher apenas, que é a Efímia, e com ela a gente quer trazer toda a força do feminino no gesto do bordado que é um gesto que marcou tanto, que marca tanto, a obra do Leonilson."
A exposição é realizada em parceria com o Projeto Leonilson, da família do artista, com acervos também do Museu de Arte Contemporânea do Ceará e do Museu de Arte Moderna de São Paulo, além de coleções particulares.
Leonilson, com sua natureza e suas paisagens íntimas, marca o primeiro ano de existência da Pinacoteca do Estado, relaciona a gerente de comunicação do local, Sílvia Bessa.
"Ele traz para a nossa comemoração a importância dos afetos, da força contida no que é singelo, o desejo que nos move. Vem comemorar com a gente!"
Com entrada gratuita, a exposição Leonilson e Das Amizades pode ser visitada até o dia 26 de maio de 2024, na Pinacoteca do Ceará.
Reportagem de Ana Mary C. Cavalcante
