Ouça "Escolas devem adotar alimentação mais saudável" no Spreaker.
A promoção da alimentação saudável, no ambiente escolar, é a base de um novo decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último mês de dezembro.
A qualidade da alimentação ofertada nas escolas tem relação direta com o aumento do excesso de peso e da incidência de doenças crônicas na infância e na adolescência no Brasil.
Apesar das restrições quanto à aquisição de alimentos ultraprocessados, em escolas públicas atendidas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar, muitas instituições comercializam esses produtos que colocam em risco a saúde de crianças e adolescentes.
A observação é de Ana Maria Maya, especialista em Saúde do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor:
"A gente também percebe doação desses produtos pras escolas e também publicidade desses produtos. E aí a urgência de que o Brasil avance em medidas efetivas pra garantir que as escolas sejam espaços mais adequados e saudáveis pras crianças. Isso porque as nossas crianças vão passar muitas horas nas escolas e elas vão fazer pelo menos uma refeição do seu dia nesse espaço."
O Idec participa dos debates sobre o tema com os Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Para a Ana Maria Maya, do Instituto, é fundamental que as escolas garantam a formação de bons hábitos alimentares:
"Que a gente ensine sobre uma alimentação adequada e saudável e que a gente preserve esse espaço como um espaço promotor de saúde pras nossas crianças, nossos adolescentes. Nos últimos anos o Brasil vinha avançando com muita dificuldade nesse tema, então o lançamento desse decreto simboliza uma vitória que vem tardia, mas que veio. E esse decreto é importantíssimo nesse processo de apoio pra que estados e municípios avancem em regulamentações sobre esse tema."
De acordo com o Idec, cidades como Recife e Belém, além de estados como a Bahia e o Paraná, já avançaram em propostas de lei sobre o tema.
A especialista em Saúde do Idec, Ana Maria Maya, considera que toda comunidade escolar deve ser envolvida nas ações de educação alimentar:
"A gente precisa também trabalhar a conscientização da população da importância dessa medida. A escola tem que ser um espaço mais saudável e que contribua pra que essas crianças e adolescentes entendam mais sobre a alimentação saudável, a importância da alimentação saudável, e que promova escolhas mais saudáveis pra essas crianças."
Segundo o decreto, ações de educação alimentar devem fazer parte dos currículos escolares de forma transversal, cruzando conteúdos cotidianos.
O documento orienta ainda sobre restrições e comercialização de bebidas e alimentos ultraprocessados, além da propaganda desses produtos, nas redes pública e particular de ensino.
Reportagem de Ana Mary C. Cavalcante