O ato de ler é considerado uma das atividades mais antigas do mundo. Surgindo, primeiramente, com o intuito básico de se comunicar, com o passar do tempo, a literatura assumiu um papel bem mais complexo que a simples transmissão de mensagens.
A leitura, além de fornecer conhecimento sobre o mundo e realidades às quais não se pode ter acesso direto, contribui para a melhoria da escrita, do vocabulário e da memória, ajudando, assim, na comunicação como um todo. Por esse motivo é que se comemora, no dia 23 de abril, o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor.
No entanto, mesmo com todos esses benefícios, a população brasileira ainda lê pouco. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, sigla em inglês), dentre o 70 países que foram avaliados em 2015, o Brasil ocupou o 59° lugar em leitura. Já segundo a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope e encomendada pelo Instituto Pró-Livro, 44% da população não lê e 30% nunca comprou um livro na vida.
Contudo, a pesquisa também apontou um aumento da quantidade de leitores nos últimos anos. De 2011 a 2015, esse número passou de 50% para 56% na população em geral, e entre os jovens, de 18 a 24 anos, a prática da leitura aumentou em 14%, durante o mesmo período.
Grandes leitores
Uma das integrantes desse grupo de jovens leitores é Alessandra JJ, estudante do curso de Letras da Universidade Federal do Ceará. Seu amor pela leitura começou ainda na infância, com o incentivo dos pais, ambos leitores.
Hoje, a estudante coordena cinco grupos de leitura, para discutir sobre os temas lidos, e já fez várias amizades nesses encontros. Para ela, os livros possuem a capacidade de levar quem está lendo para outro lugar e distrair dos problemas cotidianos. Segundo Alessandra, a leitura é uma verdadeira paixão, “eu estou sempre lendo, não saio sem um livro na bolsa e penso sobre livros praticamente o tempo inteiro”.
Já para a escritora Socorro Acioli, a leitura é uma parte fundamental de sua vida. Ela afirma que costuma ler todos os dias, mesmo que sejam apenas cinco minutos. “O hábito de ler amplia nossa visão de mundo, faz com que a gente compreenda o sofrimento dos outros, a cultura, o pensamento, ao entrar em contato com ideias diferentes das nossas”, reflete.
Leitura Infantil
Com o primeiro livro publicado aos oito anos de idade, a autora cearense Socorro Acioli já possui uma longa trajetória no mundo literário. Formada em Jornalismo pela UFC, com mestrado e doutorado na área da Literatura, a escritora foi a única brasileira a participar da oficina Como contar um conto, com o escritor colombiano Gabriel García Márquez, e recebeu o Prêmio Jabuti, em 2013, na categoria de Literatura Infantil.
Com mais de 15 livros infantis publicados, a autora afirma que a literatura voltada para crianças não é algo simples. Apesar de acreditar que um livro infantil pode abordar diversos temas, ela salienta que se deve ter um cuidado maior ao fazer isso. “Se for para tratar de um tema difícil, precisa ter um motivo, um contexto, e também uma forma muito especial de falar sobre isso”, explica a escritora.
Pensando no cenário brasileiro, em que grande parte da população não possui o gosto pela leitura, introduzir essa atividade na vida das crianças da maneira correta é fundamental, e uma das formas de fazer isso é pelo exemplo. Ainda segundo a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 33% dos leitores foram influenciados por outra pessoa, e Socorro Acioli reforça, “é preciso ter um adulto lendo perto daquela criança, para que ela entenda que aquela atividade é prazerosa”.
Outra maneira de incentivar a leitura é não tornar essa atividade uma obrigação. Alessandra JJ afirma que sua relação com a leitura sempre foi algo natural. “Eu lia do mesmo jeito que brincava com meus amigos, jogava videogame ou andava de bicicleta. Fazia parte da minha rotina e do meu divertimento”, afirma.
Mercado cearense
O ano de 2017 apresentou números positivos para o cenário editorial brasileiro, segundo o Painel das Vendas de Livros no Brasil, o faturamento nesse ramo aumentou 6,15%, cerca de R$ 100 milhões em relação a 2016, e o crescimento foi de 1,8 milhões no número de exemplares vendidos.
No entanto, os autores cearenses ainda encontram entraves para a publicação de seus livros, como a dependência de editais e grandes editoras, além da falta de interesse do público-leitor em novos autores, conforme relata Claryce Oliveira, integrante da agência Lírou.
Para ela, a dificuldade de encontrar apoio para a publicação de seus livros é a maior dificuldade que autores independentes enfrentam, mas Claryce acredita que as editoras independentes podem ser uma opção viável nesse caso. “Cada vez mais percebe-se a maior abertura e flexibilidade de editoras independentes na publicação de novos escritores, apesar da menor tiragem de exemplares, eles ganham mais chances de ter suas obras publicadas”, explica.
A Lírou – Assessoria e Comunicação é um projeto que visa auxiliar os autores na publicação de seus livros, fornecendo o serviço de agenciamento literário e de publicidade, formando uma ponte entre os autores e as editoras. A agência é formada por Claryce Oliveira, Rosiane Melo e Victor Comenho.