No Ceará, são realizadas, por ano, 110 mil doações de sangue. Esse número é referente ao sangue colhido na Capital e em 5 cidades no interior do estado, entre elas Quixadá, Sobral e Juazeiro do Norte. Essas cidades formam a hemorrede cearense.
Mas será que essas doações são suficientes para suprir a demanda do estado? A enfermeira Patrícia Solano conta que tomou a iniciativa de doar sangue ao conhecer as dificuldades enfrentadas por pessoas que dependem da doação:
“Na primeira vez que eu doei eu já estava na faculdade e por ter certo contato com os pacientes dentro do hospital a gente vê que às vezes falta sangue. Sempre tem as campanhas, mas as pessoas não doam o suficiente. Aí eu pensei que preciso ajudar, não custa nada. Porque muitas pessoas precisam, às vezes em momento de cirurgia, ou pela própria patologia que elas têm, como as leucemias. Às vezes as pessoas doam quando algum parente está com algum problema, aí fazem a campanha e doam para aquela pessoa específica, mas o público em geral acho que não vai tanto doar por conta própria.”
Uma das barreiras para a doação de sangue no Brasil é o fato de que existem muitos mitos em torno do assunto, como a crença de que o sangue pode afinar ou o doador pode engordar após o procedimento. Além disso, muitas pessoas também têm medo da dor.
Um exemplo disso é Arline Ferreira. A estudante de contabilidade já é doadora há três anos. Ela afirma que durante muito tempo o medo a impediu de doar:
“Eu sempre tive vontade de doar sangue, só que o meu medo era maior. Aí por incrível que pareça foi por uma promessa que eu fiz, decidi que eu iria superar esse meu medo e eu iria doar sangue para tentar ajudar outras pessoas. Depois que eu fui doar sangue a primeira vez, mesmo com medo, eu percebi que foi menos dolorido, para mim, do que eu ir fazer a coleta de sangue para fazer um exame. E foi muito o rápido o processo, o pessoal é muito atencioso, te explica tudo.”
Outra característica que pode dificultar esse cenário é o fato de que a oferta e a demanda de sangue não são fixas. Existem épocas do ano em que a procura por doadores é maior, é o caso do carnaval e semana santa, quando o número de acidentes de trânsito aumenta.
Em outras épocas, a quantidade de doadores diminui, como em períodos de férias e fim de ano. É o que explica a coordenadora de captação de doadores do Hemoce, Nágila Lima:
“Tem períodos em que a gente tem uma demanda maior, tem períodos em que diminui. A gente trabalha realmente com a solidariedade, com o voluntário, então a gente nunca tem um número fidedigno todos os dias. Nesse período de julho normalmente as doações diminuem de 20 a 30%, porque é o período de férias escolares. Então há uma oscilação, tem períodos que a gente recebe mais candidatos e tem períodos que a gente recebe menos, então vai ter dia que a gente vai alcançar 200, 300 ou 100 (doações). Então existe uma variação.”
Devido a essas dificuldades, o Hemoce promove todos os anos campanhas junto a escolas, universidades e ONGs, com o intuito de chamar a atenção de pessoas que têm interesse em doar. A coordenadora de captação de doadores, Nágila Lima, explica quem pode ser doador:
“Bom, para doar sangue é necessário estar saudável, alimentado, portar um documento oficial com foto, pesar mais de 50 quilos, ter entre 16 e 69 anos. O jovem de 16 e 17 anos deve apresentar o termo de consentimento padrão para que a gente possa fazer essa autorização, esse termo está disponível em qualquer uma de nossas unidades, assim como no nosso site.”
Para quem tem interesse em realizar uma doação, o Hemoce realiza coletas de segunda a sábado em sua sede, na avenida José Bastos, número 3390. Além disso, para saber sobre o atendimento dos postos itinerantes é só acessar o calendário de coletas externas no site da instituição. Para esclarecer mais dúvidas sobre esse assunto, ligue para o número: 3101.2300.
Para os doadores também existem outras vantagens: alguns estabelecimentos comerciais oferecem desconto para quem doa sangue regularmente. Basta apresentar um documento oficial válido, expedido por banco de sangue.
Matéria feita por Maryana Lopes com orientação de Natália Maia