Ao contrário do que se imagina, CrossFit é uma marca estadunidense que, por meio de cursos de treinamento, passa os princípios da sua metodologia de trabalho que consiste em movimentos de ginástica, levantamento de peso olímpico (LPO) e movimentos cíclicos, que são exercícios repetitivos, como corrida e pular corda.
As aulas são divididas em aquecimento, exercícios técnicos para ensinar corretamente como fazer os movimentos e, por fim, o workout of the day (WOD), treino do dia, que é quando os praticantes terão que fazer os exercícios sempre em intensidade alta. O tempo das aulas pode variar de professor para professor, mas o período do aquecimento nunca é contado.
O CrossFit foi desenvolvido pelo preparador físico Greg Glassman que, através da ginástica, se recuperou da poliomelite. Para ganhar mais força física, Greg acrescentou aos treinos, além da ginástica, levantamento de peso e bicicleta. Dessa forma, percebeu que obtinha vantagens em relação aos outros atletas.
Nos anos 1990, Glassman abriu a sua primeira academia e viu o seu treino ser usado em academias de polícia, grupos de operações táticas e unidades de operações especiais do exército estadunidense. Mas, apenas no ano 2000, ele patenteou a marca CrossFit e começou a proliferação da marca pelo mundo.
O treinamento é a mais nova sensação do mercado fitness brasileiro. Segundo dados da própria empresa, neste ano, o Brasil superou a marca de mil boxes e é o segundo país com mais filiais, ficando atrás dos Estados Unidos que possui mais de sete mil boxes.
Para ensinar CrossFit é necessário fazer os cursos oferecidos pela marca. No Brasil também é exigido a graduação em educação física. Ao todo, são 4 níveis de coach. O primeiro é um curso de introdução da metologia, o segundo é intermediário e busca o aprimoramento do que foi aprendido no primeiro módulo. Já o terceiro e quarto níveis são certificações, sendo o terceiro o nível exigido para se treinar atletas, e o quarto o nível para treinar futuros professores.
A preparadora física e proprietária de um box, Desirée Sena, 31, conheceu o CrossFit pouco depois de se formar em Educação Física na UFC. Ela conta que ficou encantada com o fato da atividade ser adaptável para qualquer tipo de pessoa. Em 2012, ela fez o curso para ministrar aulas de CrossFit e tornar-se coach level 1. Dois anos depois, abriu o seu box e atualmente é coach level 2.
A Popularização do CrossFit
A rápida proliferação do CrossFit pode ser explicada pelo baixo investimento em se abrir um box. É isso que explica Desirée: “Muitas pessoas não tinham condições de abrir uma academia, o valor de uma academia é muito alto”. Segundo dados levantados pelo Uol, para abrir uma franquia de academias, em uma metrópole, varia de R$ 50 mil a R$ 1,1 milhão. Já um box de CrossFit, custa em média R$ 200 mil, afirma Desirée.
Além disso, o fato de ser um trabalho em grupo leva muitas pessoas a gostarem da modalidade. É assim que a médica e praticante de CrossFit Rebecca Cordeiro, 29, descreve o exercício: “Não é como a academia que é só você e a máquina, sempre tem alguém fazendo a mesma coisa que você, sofrendo que nem você e aí acaba sendo mais divertido”.
Há mais de três anos, Rebecca entrou por curiosidade em uma academia que dava aulas de funcional que se baseavam no Crossfit, desde então, nunca mais deixou de praticar. Os benefícios do CrossFit são diversos, como força, resistência muscular e melhora do sistema cardiorrespiratório. Para Rebecca, a prática levou a mudança dos hábitos alimentares. “Tem muita correlação com a dieta, quanto mais você melhora a sua alimentação, mais você melhora nos treinos. É proporcional”, afirma.
Os cuidados com o CrossFit
O CrossFit muitas vezes é taxado como uma modalidade que causa muitas lesões. No meio científico não há consenso, pois as pesquisas sobre a modalidade são recentes e também porque alguns autores acreditam que lesões são qualquer tipo de dor, enquanto para outros é somente quando existe a necessidade de cuidados médicos.
Em 2018, um estudo feito pelo Grupo do Trauma Esportivo da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, afirma que 31% dos praticantes de CrossFit sofreu algum tipo de lesão. Para a mestranda em Ciências Médicas pela UFC, Jocasta Sousa, nem todos podem praticar o treinamento. “Por ser uma modalidade intensa, pessoas que sentem dores nas costas ou tem algum problema ortopédico podem até praticar, se eles já tiverem bem reabilitados”.
Segundo Jocasta, o CrossFit aplicado para pessoas que já têm uma vivência de treino é uma ótima ferramenta para esse grupo manter o condicionamento físico. “O Crossfit não é mais uma incógnita. É uma resposta para a sociedade. O problema é que você precisa saber onde usar o CrossFit”, reforça.
Assim como qualquer exercício físico, o CrossFit tem seus benefícios e possíveis malefícios. Para praticar com segurança, o ideal é procurar um profissional que siga todas as regras para uma prática saudável.