No Bairro Mondubim, em Fortaleza, uma casa em um sítio guarda um variado acervo artístico em seus cômodos. Esse lugar é chamado de MiniMuseu Firmeza. O espaço foi fundado pelos artistas plásticos cearenses Nice e Estrigas.
O casal se conheceu quando ingressaram na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), e foram influentes no meio artístico cearense e nacional, expondo suas obras no Brasil e na França.
Rachel Gadelha é sobrinha de Estrigas e gestora do museu. Ela conta como Nice e Estrigas transformaram sua residência em um espaço de exposição de arte.
"Como eles eram artistas, eles começaram a criar ali o que hoje a gente chama de casa museu. Eles recebiam vários artistas, pintores e escritores para conversar e nesse longo período eles foram recebendo obras, trocando obras e foram transformando a casa em um museu. Então, lá hoje você tem toda a história das artes plásticas no Ceará".
Nice e Estrigas idealizaram o MiniMuseu Firmeza nos anos 60 e o inauguraram em 1969. Foram quase 50 anos de funcionamento até o falecimento do casal. Nice faleceu em 2013 e Estrigas em 2014. Agora, quem continua o sonho de manter esse equipamento cultural aberto à comunidade é a família dos artistas.
Rachel Gadelha destaca o MiniMuseu Firmeza como equipamento que descentraliza o acesso à cultura na cidade.
"Você ter um equipamento dessa magnitude em outro lugar, que não seja o Centro, que não seja a Praia de Iracema ou a Aldeota, é no Mondubim. A possibilidade de que tenham tantos centros culturais espalhados na cidade. Outra coisa é a natureza, você chega lá e você se sente transportado no tempo. É uma casinha linda como a casa da vovó, cheia de árvores, no meio da natureza e ao mesmo tempo no meio da cidade."
Neste ano, a casa passou por uma reforma de mais de dois meses para modernização do espaço, fruto de uma parceria com Secretaria de Cultura do Estado. A parte elétrica foi refeita, as paredes receberam uma pintura e o telhado foi elevado. Mas isso não impediu o funcionamento do local. Inspirados pelo trabalho de Nice, a parte externa recebeu oficinas de bonecos de pano e de bordado.
Paula Machado, historiadora do MiniMuseu Firmeza, fala sobre o contato da comunidade com o museu.
"A gente tem procurado atender também essa comunidade do entorno. O museu sempre foi muito espaço de artistas e além deles a gente quis trazer a comunidade para dentro do museu. Porque muita gente da comunidade aqui próxima não conhecia, via mas não entrava, passava em frente mas não entrava. A gente tem procurado essa aproximação com a comunidade mesmo".
O Minimuseu Firmeza é aberto ao público de quinta à sábado das 8h às 17h. A entrada é gratuita. Neste sábado, dia 21 de julho, o espaço recebe a Feira de Artesanias, de 9h às 13h. A programação conta com atividades como uma Oficina de Isogravura com o coletivo In-Grafika e uma apresentação da bandinha cabaçal do museu.
Reportagem de Fabrício Girão com orientação de Natália Maia