05/06/19

Conheça a Medicina Integrativa

Organizada como movimento de pesquisa dentro de universidades americanas desde meados dos anos 1970, a Medicina Integrativa propõe uma mudança de paradigma no tratamento médico (Foto: Reprodução/Internet)

O adoecimento físico e mental é uma realidade na vida das pessoas, mas o que poucos sabem é que existem práticas corporais integrativas que trabalham o corpo de forma terapêutica. A Medicina Integrativa propõe uma mudança no tratamento médico. Seu foco não é curar doenças, mas compreender o adoecimento do paciente a partir da mente, do corpo e do espírito.

Paola Torres é pós-doutora em Medicina Integrativa pela Universidade de Campinas (Unicamp) e também presidente do Instituto Roda da Vida, uma associação sem fins lucrativos que faz uso de práticas integrativas para pacientes com câncer no Ceará. Ela explica como funciona essa modalidade de tratamento:

"Todo raciocínio da medicina biomédica é em cima de doenças e de estratégias para combater e enfrentar a doença. A medicina integrativa faz uma medicina centrada na pessoa e integra as práticas convencionais a outras abordagens antigamente chamadas de alternativas, mas que sejam baseadas em evidências científica ou temporal. A evidência não apenas como trabalho científico, mas também do uso popular e das terapias tradicionais".

Aula de Kundalini Yoga no Instituto Roda da Vida para pacientes com câncer (Foto: Reprodução/Instituto Roda da Vida)

Aula de Kundalini Yoga no Instituto Roda da Vida para pacientes com câncer (Foto: Reprodução/Instituto Roda da Vida)

O Instituto Roda da Vida foi criado em 2011 e, desde então, atende pessoas com câncer de forma totalmente gratuita. Ataíde Lopes, de 60 anos, tem uma doença incurável conhecida como linfoma não-HodgkinNo instituto, ele faz reiki, terapia floral, meditação e todo acompanhamento necessário para seu tratamento. O paciente conta sua experiência e fala sobre a importância da medicina integrativa em sua vida:

"É muito importante para o paciente receber do médico esse afeto, essa relação de estabelecer convívio menos profissional e mais relações humanas, mais o tratamento afetivo. E aí eu me senti apoiado, me senti com a firmeza. Saber que tinha alguém preocupado comigo e não só com minha doença, mas com meu bem-estar no todo, no geral. Isso me ajudou a lutar e a continuar lutando. Você não tem ideia do que é o médico abrir um exame, olhar assim e dizer: “tá tudo bem!”. Levantar e dar um abraço no paciente. Isso traz uma energia tão forte, é uma coisa tão forte que adentra no teu íntimo, que ajuda a levantar você de onde estiver naquele momento de expectativa. Isso também é medicina integrativa".

Para Fátima Holanda, a instituição foi além do tratamento. Aos 53 anos ela acolhe mulheres que acabaram de descobrir o câncer. Nesse processo, além de se ajudar, ela ajuda outras pessoas a se reinventar:

"Eu faço o acolhimento das meninas que vêm com câncer, aquelas que a gente atende a primeira vez. A gente conversa com elas. Daí, eu e Paola, começamos a encaminhar essa pessoa dependendo da necessidade dela e do jeito que ela chega, dos traumas emocionais e físicos, aí a gente vai encaminhando para as práticas. A medicina integrativa foi de fundamental importância para minha qualidade de vida, tanto no tratamento do câncer como no pós-tratamento. Hoje eu me considero uma outra pessoa, através da atividades feitas no Instituto Roda da Vida. Hoje sou uma pessoa equilibrada tanto emocionalmente como fisicamente. Posso dizer que me reinventei enquanto pessoa, eu tenho equilíbrio do meu corpo, da minha mente e da minha alma".

 

Ataíde Lopes praticando reiki no Instituto Roda da Vida (Foto: Arquivo Pessaol/Ataíde Lopes)

Ataíde Lopes meditando com a monja tibetana Ani Zamba Chozom (Foto: Arquivo Pessoal/Ataíde Lopes)

Em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) foi instituída pelo Conselho Nacional de Saúde (CSN). Seu objetivo era implementar tratamentos alternativos à medicina pública do Brasil, através do Sistema Único de Saúde (SUS).

O coordenador do Núcleo Integrativo de Somaestética da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cavalcante Júnior, explica a importância dessa política:

"Com as práticas integrativas as pessoas se sentem revitalizadas, porque muitas vezes ou, melhor, quase sempre os remédios tomados para cura do câncer, por exemplo, são extremamente danosos para o corpo físico. As práticas integrativas permitem revitalizar, ou seja, encher de vida novamente esse corpo que quase encontrou a sua mortificação, quase encontrou a sua finitude diante do adoecimento".

O Instituto Roda da Vida sobrevive de doações. Para saber como ajudar você pode clicar aqui.

Reportagem de Thays Maria Salles com orientação de Caio Mota e Igor Vieira.

 

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