Ouça "Complicações do diabetes causam mais de cinquenta amputações por dia" no Spreaker.
Cinco mil amputações foram registradas no Sistema Único de Saúde, no primeiro trimestre deste ano, causadas por complicações do diabetes. Em média, no SUS, foram 55 amputações, por dia, entre os últimos meses de janeiro a março. O número de casos aumentou 4,3% entre 2021 e 2022. Os dados são do Ministério da Saúde e alertam para os problemas que levam à amputação.
Com o desenvolvimento da doença, os pés perdem a sensibilidade e ficam mais vulneráveis a feridas e infecções. O médico Luiz Holanda Neto, da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, esclarece sobre o chamado “pé diabético”:
"Não é apenas pés de pacientes diabéticos como o nome sugere, mas que pode ser causado por outras doenças que levam o pé a ficar com a sensibilidade alterada. O nome mais técnico seria pé neuropático. A doença mais comum que leva essa alteração é o diabetes. O diabetes é uma doença silenciosa, vai ganhando espaço aos poucos sem que a pessoa perceba. A melhor forma de prevenir o pé diabético é realizar cuidados de saúde, como boa alimentação, e nas pessoas de risco um diagnóstico precoce para evitar a quantidade de açúcar no sangue".
A alta quantidade de açúcar no sangue é o principal fator de lesão de nervos e vasos sanguíneos nos diabéticos, destaca o especialista. O médico Luiz Holanda Neto explica o que torna o pé tão sensível ao problema.
"O pé é um órgão para suporte de peso e boa qualidade de apoio e sem a sensibilidade protetora acontecem lesões da pele e até mesmo deformidades. Além disso, o pé é um órgão exposto. Então, pequenas lesões na pele e unhas podem servir como porta de entrada de bactérias. E, por último, a escolha inadequada dos calçados. Os pés neuropáticos devem ser pés sempre bem protegidos".
Úlceras, infecções de unhas ou na pele, alterações ósseas e doenças de artérias e veias são as complicações mais comuns. O diagnóstico precoce é muito importante para prevenir amputações, recomenda o médico Luiz Holanda Neto. Ele orienta sobre o cuidado diário com os pés dos diabéticos.
"Que inclui limpeza e hidratação cuidadosa da pele. Olhar todo o pé, inclusive entre os dedos, à procura de fissuras, feridas ou apenas sinais de calos ou machucados nos pés. Caso seja visto alguma lesão ou somente a suspeita da lesão, o paciente deve encaminhar-se ao centro de tratamento onde faz o acompanhamento do diabetes. Reforço que o cuidado especializado e rápido é a melhor forma de evitar que uma pequena ferida vire uma amputação".
Mal estar, febre e o aumento das taxas de açúcar no sangue, além de mau cheiro, inchaço e vermelhidão, podem ser sinais de infecção grave.
Reportagem de Ana Mary C. Cavalcante