O uso de agrotóxicos no Brasil voltou a ser tema de amplas discussões recentemente e o motivo disso é o Projeto de Lei 6299, de 2002. Também conhecido como ‘Lei do Veneno’, o PL é de autoria de Blairo Maggi, atual ministro da Agricultura, e estabelece uma série de mudanças referentes ao uso, venda e fiscalização desses pesticidas. As mudanças propostas vão desde o termo utilizado para se referir a esses produtos, que devem passar a ser chamados de ‘produtos fitossanitários’, até a forma de fiscalizar o uso, que deve dar mais autonomia ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Apesar de grande parte do setor ligado ao agronegócio no Brasil ser favorável a este Projeto de Lei, diversos órgãos ligados à saúde e sociedades científicas do país se manifestaram contra, é o caso do Ministério Público Federal, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Anvisa, além de organizações como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, mesmo com as diversas críticas, o projeto foi aprovado em Comissão Especial da Câmara, no fim de junho.
Essa discussão sobre o uso de agrotóxicos não é algo recente no Brasil, que é considerado o maior consumidor de pesticidas no mundo há dez anos. Na edição do programa Ciência, Desafio da Terra, transmitido em 2 de junho de 1983, é possível acompanhar a entrevista realizada pela jornalista Fátima Leite com o professor José Higino Ribeiro dos Santos, do Centro de Ciências Agrárias da UFC, acerca desse assunto.
O Programa foi ao ar antes da criação da Lei que regulamenta o uso de agrotóxicos vigente no Brasil, que ocorreu em 1989. No entanto, já era possível observar a preocupação do debate acerca da contaminação promovida por esses produtos. Um dos maiores desafios nessa questão, segundo o professor José Higino, era a falta de informação dos agricultores, que acabavam por utilizar produtos e dosagens inadequadas, um problema comum até hoje.
Esta edição do programa Ciência, Desafio da Terra foi veiculada em 2 de junho de 1983, com produção e apresentação de Fátima Leite e operação de áudio de Paulo Frazão.