O pop sul-coreano ou, como é mais conhecido, K-Pop (Korean Pop) é um dos produtos culturais mais exportados da Coreia do Sul. Com músicas eletrizantes, clipes bem produzidos e coreografias elaboradas, o K-Pop conquistou vários fãs ao redor do mundo. Alguns desses fãs fazem covers das coreografias dos grupos, divulgando o seu trabalho na internet e participando de eventos e competições do gênero.
A popularização do K-Pop em terra alencarinas veio principalmente através dos jogos eletrônicos de dança, como o Pump It up, que contêm músicas populares asiáticas em seu repertório. Além dos jogos, a internet e os eventos voltados à cultura asiática ajudaram na divulgação do gênero. Foi isto que o educador físico Roberto Balbino, 26, constatou na sua pesquisa sobre os grupos de K-Pop em Fortaleza.
Quem faz parte desses covers de K-Pop?
A maioria dos praticantes está na faixa dos 15 a 25 anos. É o que diz Roberto, que também dança em um grupo cover de K-Pop, o Alive DG. “Geralmente as pessoas que passam de 25 anos e se mantém dentro do K-Pop, acabam virando organizadores de eventos ou fazem workshops de dança K-Pop”, afirma.
A publicitária Gabriela Rodrigues, 25, dança K-Pop há oito anos. Ela conheceu o ritmo em uma competição de covers no Sana Fest, maior evento de cultura pop e geek do Nordeste. Naquele momento, segundo Gabriela, ela decidiu montar um grupo para participar das competições do Sana. “Chamei meus amigos, abri audições pra novos integrantes e finalmente iniciei minhas atividades nesse mundo do K-Pop cover”, explica. O seu atual grupo, Primadonna, participa ativamente das competições há cinco anos.
Para a estudante de Letras da UFC, Kessia Lurdes, 21, a dança não é uma novidade em sua vida. Quando criança, ela frequentava aulas de balé e dança contemporânea. Há cinco anos, se dedica essencialmente a dançar K-Pop. “O K-Pop torna tudo mais especial pelo fato de eu ter muitos artistas coreanos como ídolos e inspirações, além de me proporcionar o experimento de diferentes conceitos, uma vez que os grupos lançam coisas diferentes o tempo inteiro”. Kessia é líder do grupo Dandelion, que possui mais de oito mil inscritos em seu canal no Youtube.
Rotina de treinos
Antes de participar das competições e até mesmo de treinar, os participantes escolhem a coreografia que será executada. Para Kessia, líder do Dandelion, não há um quesito muito específico na escolha, mas ela pondera que, para as competições, o que ela procura é algo visualmente bonito no palco. Já Gabriela, do Primadonna, avalia que a escolha da música é baseada no público e também no que vai favorecer o estilo das pessoas que compõem o grupo.
O lugar dos ensaios é o mesmo para alguns dos grupos: os Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cucas). O educador físico Roberto Balbino explica que, por ser um lugar voltado para o jovem e de fácil acesso, os Cucas viraram o centro de treinamento para muitos covers de K-Pop. É o caso do grupo Dandelion, que treina no Cuca Mondubim todas as tardes aos sábados.
O sábado é o dia que muitos grupos usam para ensaiar, afinal a maioria dos integrantes estuda ou trabalha durante a semana. “Quando chegamos perto de competições, estendemos os treinos, mas sempre estamos ensaiando para algum campeonato, já que aqui em Fortaleza tem muitos deles”, esclarece Gabriela Rodrigues.
Os eventos em Fortaleza
A popularização do gênero K-Pop no mundo aumentou o número de grupos covers e de eventos voltados para esse público. Há três anos, a cidade de Fortaleza sedia uma das etapas regionais do maior evento de covers do mundo, o Kpop World Festival. Barbara Barreto, integrante do comitê que organiza o evento, o KoreaON, explica que o objetivo é fazer o festival circular pelo Brasil, atendendo fãs e covers locais. “Sabíamos que o público kpopper e interessado na cultura coreana era expressivo no Nordeste e decidimos levar o festival para a região”, diz.
Mas nem sempre a experiência com eventos do gênero é positiva. O descaso com alguns covers ainda acontece. É o que explica Gabriela Rodrigues do grupo Primadonna: “Existe a falta de profissionalismo de algumas produtoras, que fazem evento de qualquer forma e ainda falham em pagar a premiação dos ganhadores de forma imediata. Isso, no caso, é uma ofensa e total desrespeito com os grupos de dança”.
Saiba mais
O fenômeno chamado Hallyu (Onda Coreana, em português), acontece desde o fim da década de 1990 com a expansão da música, novela e cinema sul-coreanos, primeiramente no sudoeste da Ásia e nos anos 2000 nos países do ocidente.
Os grupos de K-Pop são divididos em boygroup (grupo formado por garotos) ou girlband (grupo formado por garotas), ainda sendo raros os grupos mistos. Os integrantes, chamados de idols, passam por treinamentos intensivos em canto, dança, atuação e idiomas pelas agências de trainees, empresas responsáveis por criar grupos de sucesso.
Grupos como Big Bang, BTS, Loona e Red Velvet estão entre os grupos mais populares no gênero K-pop.
Reportagem de Mariane Silva com orientação de Natália Maia