15/09/17

Edivaldo Batista e a princesa negra

As ancestralidades femininas da África são um dos pontos da pesquisa teatral de Edivaldo (Foto: Felipe Sales)

Um parto à beira do rio. Uma princesa nascida pelas mãos da própria Yemanjá. Uma africana que cresceu livre e foi vendida como escrava. Esta é a história da peça Yemonja e a Princesa Negra, que foi concebida pelo pesquisador, ator e diretor de teatro Edivaldo Batista. Com dança, percussão e música ao vivo, o espetáculo está em cartaz todas as quartas-feiras de setembro, às 20h, no Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Esta princesa negra, protagonista da peça, representa uma das muitas africanas que foram violentadas e vendidas como servas de mestres brancos. Edivaldo afirma que a narrativa trata da "relação de violência e escravidão a que ela está sendo submetida, até a afirmação dela enquanto um poder de força e resistência".

O espetáculo faz parte de uma pesquisa desenvolvida por Edivaldo acerca das ancestralidades femininas da África, principalmente em relação às orixás da etnia Iorubá. Deste material de estudo também surgiram outras duas peças: O pequeno Ogum e Irôko, que são voltados para o público infantil.

Primeiras experiências teatrais

Nascido na Jurema, distrito de Caucaia (CE), Edivaldo Batista deu seus primeiros passos no teatro em um curso de artes cênicas produzido pela igreja que frequentava. Este momento de lazer foi uma faísca para sua vontade de vivenciar o palco. Conheceu outros atores e atrizes e, por indicação de um colega, participou do Curso de Princípios Básicos de Teatro do Theatro José de Alencar (TJA). Tempo depois, decidiu cursar Artes Cênicas no Instituto Federal do Ceará (IFCE). Aos poucos, o que começou como brincadeira, virou profissão.

Caçula de uma família com oito filhos, Edivaldo afirma que seus pais sempre “tiveram o hábito de compreender que, em determinado momento, os filhos seguem os seus caminhos independente do que for acontecer”. Mesmo em uma realidade de pequena diversidade artística, que trazia à profissão de ator um estigma de pobreza e marginalidade, seus parentes apoiaram e ainda apoiam o caminho de Edivaldo pelos palcos.

Em entrevista*, Edivaldo Batista também comenta sobre questões relacionadas a temas importantes como representatividade artística e políticas de financiamento público para o teatro cearense:

SERVIÇO
Espetáculo Yemonja e a Princesa Negra

20 e 27 de setembro às 20h
Local: Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno (Av. da Universidade, 2210)
Ingressos: R$20 (inteira) R$10 (meia)
Classificação indicativa: Livre

*Esta entrevista foi concedida nos estúdios da Rádio Universitária FM no dia 17 de agosto de 2017.

A seção Ceará Sonoro teve produção e apresentação de Otávio Fernandes; operação de áudio de José Raimundo Lustosa; orientação de Carolina Areal e Igor Vieira; coordenação de Caio Mota; e direção de Nonato Lima.

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