11/08/17

A influência da mídia sobre os padrões de beleza

Revista Vogue, uma das publicações de moda mais influentes do mundo que reforça um padrão de beleza inalcançável (Foto: Reprodução/Internet)

Associados ao bem estar, saúde e estética a ser seguida, os padrões de beleza reforçados pela mídia se utilizam de corpos esbeltos para explorar um tipo de beleza que, se comparado à média da população, representa um abismo. Naiana Rodrigues, mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e especialista em Teorias da Comunicação e da Imagem pela mesma universidade, aponta não só aspectos ligados ao físico, mas também relacionados a questões de gênero e sexualidade, que diagnosticam um caráter heteronormativo. “Por mais que haja algumas inserções por pessoas com padrões diferentes, com padrões de sexualidade diferentes, há uma resistência também a isso. Então essa beleza não diz respeito somente ao corpo, mas também a outras formas de comportamento, ao gênero e à sexualidade", explica.

Segundo ela, a pluralidade da população é do conhecimento da mídia. Contudo, o modus operandi desses meios e sua característica massiva tende à simplificação dessas diferenças, traduzidas em um padrão que seria o mais "agradável". A especialista aponta que um dos motivos para a legitimação desse padrão pela sociedade é a herança cultural europeia, modelo ideal que segue reforçado pelos grandes meios e se perpetua neste ciclo entre sociedade e mídia convencional.

A reprodução de um estilo de vida, amplamente compartilhado pela mídia e pelas redes sociais, pode interferir, inclusive, na autoestima. A professora usa como exemplo a corrida pelo modo de vida fitness e o discurso reforçado sobre quem se encontra fora dessa cultura, geralmente taxados de preguiçosos e/ou doentes. Nessa perspectiva, o crescimento de digital influencers que evidenciam esse padrão, contribui, ainda que de forma indireta, nessa busca desenfreada por um físico dificilmente alcançável. O problema se agrava ainda mais quando pessoas passam a se submeter a procedimentos médicos. A aceitação e o empoderamento desses corpos, são, segundo ela, algo necessário e urgente.

Na entrevista concedida à Rádio Universitária FM, Naiana ressalta o papel do jornalismo na abordagem frequente e de maneira responsável sobre o assunto. Aponta a necessidade de um tratamento mais complexo da temática, que não trate apenas do lado médico, enquanto distúrbio de um sujeito, mas também de todo um padrão cultural que vem sendo construído.

Ouça a entrevista* na íntegra:

*A entrevista contou com produção e apresentação de Vitor Comenho e foi concedida no dia 27 de julho para o programa Revista da Educação, que vai ao ar aos domingos, às 15h, com reprise às segundas, às 14h30, na Rádio Universitária FM.

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