O Original Rap Cearense já lançou 8 CDs e procura consolidar a cultura do rap no estado do Ceará. (Foto/Divulgação)
Um discurso rítmico de improvisação poética sobre uma batida de tempo rápido. Assim é o rap que desde a sua origem, em meados da década de 1960 na Jamaica, já representava a voz e o som da periferia, abordando temas polêmicos como violência nas favelas, sexo e drogas. O rap rompeu fronteiras e alcançou o seu auge na década de 1970, nos Estados Unidos, passando a influenciar uma geração de jovens em todo o mundo. No Ceará, um grupo de músicos se reuniu, em 2009, para formar o grupo Original Rap Cearense e dar visibilidade ao som feito no nosso estado. O Original Rap Cearense é o convidado dessa semana da seção Ceará Sonoro do site da Rádio Universitária FM 107,9 MHz.
O nome tem influência direta do Original Rap Nacional, comandado pelo Rapper Gog, que atua no Movimento Hip Hop desde 1992. A inspiração fez Mano Ála pensar para além da carreira solo e procurar pessoas que soubessem fazer a batida certa e que tivessem o interesse de quebrar o preconceito social contra o rap. Hoje, o Original Rap Cearense é comandado por Mano Ála, Maria Rodrigues, Fran, DJ AC e Gil Brasil. “A minha ideia era mostrar que o Rap cearense podia chegar ao nível de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Era mostrar que o Ceará não era quintal de ninguém e possuía muitos talentos”, complementa Mano Ála.
O Original Rap Cearense conta com 58 músicas mescladas em 4 repertórios diferentes. Já são 8 anos de estrada e 8 CDs gravados. O intuito do grupo é conseguir gravar todos os anos um novo trabalho. A maioria das músicas é de composição de Mano Ála que largou a carreira de professor para se dedicar exclusivamente ao Rap e ensinar as pessoas por outra vertente. “Muitos me chamaram de louco, mas eu queria levar a Pedagogia para o Rap. Com o Rap, a gente pode informar e educar sobre diversos assuntos, como história, política, geografia e chamar a atenção de jovens que muitas vezes não se interessam pelo tema na escola”, garante Mano Ála.
Dentre os temas abordados pelo grupo estão a cultura nordestina e a representatividade feminina. Maria Rodrigues afirma que o feminismo é muito importante na hora de compor as canções do Original Rap Cearense. Ela lembra ainda que o grupo fez história ao gravar o primeiro e único cd feminino de Rap no Estado, com a Treta MC.
Além dos álbuns, disponibilizados gratuitamente pelas plataformas online, o Original Rap Cearense se encontra quinzenalmente para realizar o Corredor Sonoro, um evento que reúne rappers de Fortaleza e Região Metropolitana. Segundo Mano Ála, o evento é pensado e realizado com o objetivo de fortalecer a mensagem pedagógica e construtiva do Rap.
Ouça a entrevista completa com o Original Rap Cearense*:
Conheça mais do trabalho do Original Rap Cearense:
*Entrevista realizada no estúdio da Rádio Universitária FM em 7 de fevereiro de 2017.