Lista negra, a coisa está preta... Exemplos que remontam significações historicamente construídas ao longo do tempo. Entre as reflexões do cantor e compositor cearense Zéis, a proposta de trazer um novo significado às palavras que normalmente implicam um aspecto ruim à cor negra. Com o álbum De Preto em Blue, ele propõe associar essas palavras a uma mensagem positiva, um novo estado de espírito. “O De preto em blue é, eu estou de boa, eu estou de bem”, explica.
A relação de Zéis com a música começou cedo, aos 15 anos. Foram nos momentos despretensiosos em que tocava violão com os amigos na calçada de casa que ele foi descobrindo o desejo de cantar e de levar adiante a vontade de dedicar-se exclusivamente à carreira musical. Hoje, aos 31 anos, o trabalho de Zéis caminha entre a música brasileira e alternativa, utilizando efeitos e sintetizadores como elementos marcantes de suas canções.
Além da música, o cantor também se relaciona com outra vertente artística, o teatro. Ele é membro do coletivo ‘Os Pícaros Incorrigíveis’, e também compõe trilhas sonoras para espetáculos. Após o teatro, Zéis conta ter passado a se enxergar enquanto artista e que traz das artes cênicas alguns cuidados que reverberam em sua carreira musical, como a preocupação com o figurino e na escolha de repertório, de forma a trazer um aspecto narrativo para suas apresentações.
O recém-lançado ‘De Preto em Blue’, é o primeiro álbum solo de Zéis, que também é vocalista da Banda Cearense Capotes Pretos na Terra Marfim e onde já conta com dois trabalhos publicados: O EP ‘A Casa’, de 2013, e álbum homônimo, em 2015. Desenvolvido em paralelo às atividades da banda, ele conta que os trabalhos têm proposições diferentes. “Existem propostas artísticas que não se encaixam bem em um determinado projeto. Os Capotes tem uma marca, uma maneira de fazer e esse projeto não tinha a cara dos Capotes, era outra coisa.” Dentre alguns aspectos, ele destaca a temática das composições, que no caso do De Preto em Blue, dialoga mais com questões cotidianas, em contrapartida às músicas que evocam sentimento, trabalhadas nas canções junto à banda.
Na era das plataformas digitais e de streaming, o cantor deixou na mão do público a decisão por uma versão física do álbum, que já havia sido gravado e custeado por ele. A partir do interesse do público, Zéis abriu uma campanha de financiamento coletivo para a produção de 500 cópias do álbum De Preto em Blue, comprada em pré-venda pelos apoiadores da campanha. Zéis relata ter ficado feliz com resultado. “É muito bacana ver as pessoas chegando junto, sabe!? Você faz e fica com medo de que ninguém vá comprar e aí você vai vendo que não, que as pessoas estão interessadas, sim”, conclui.
O ‘De Preto em Blue’ conta com participações especiais de outros artistas. Igor Miná, da banda Subcelebs, Artur Guidugli, parceiro de Zéis na Banda Capotes Pretos na Terra Marfim, Lorena Nunes, Berg Menezes, Andrezão GDS e ainda as parcerias de Gigi Castro e Jânio Florêncio em duas composições presentes no álbum.
Confira a entrevista* na íntegra:
*Esta entrevista foi concedida nos estúdios da Rádio Universitária FM no dia 24 de agosto de 2017.
A seção Ceará Sonoro teve produção e apresentação de Emanuel Silva; operação de áudio de José Raimundo Lustosa; orientação de Carolina Areal e Igor Vieira; coordenação de Caio Mota; e direção de Nonato Lima.