Foto: Breno Reis
O programa Rádio Debate, do dia 19 de Agosto, às 11h30, abordou a identidade de gênero e as experiências de pessoas transsexuais em Fortaleza. Com apresentação de Marcos Robério e produção de Raquel Chaves e Breno Reis, o programa aponta que o gênero, apesar de ser uma construção social, é fluido e não se limite ao masculino e feminino. O programa também aborda a luta diária das pessoas trans no Brasil que é o país com maior número de assassinatos de travestis e transsexuais, segundo o relatório da ONU de janeiro de 2015.
Para conversar sobre, o Rádio Debate recebeu Lú Sousa, assistente social e pesquisadora em transexualidade; Kaio Lemos, estudante de Humanidades na Unilab; e Helena Vieira, transfeminista, escritora e pesquisadora em teoria Queer, formada em Gestão Pública e especializada em Filosofia da Linguagem.
Helena Vieira inicia a conversa esclarecendo sobre as diferenças entre as designações cis e trans. "Na nossa nomenclatura básica, a gente divide em duas categorias guarda-chuvas: cis gênero e transgênero. A pessoa cis gênero se reconhece no gênero que nasceu com ele e se reconhece naquilo que foi designado pra ela. A pessoa transgênero é designada com o sexo que nasceu, mas ao longo da vida se percebe e se constrói como pertencente a outro gênero."
Helena falou também sobre pessoas não-binárias que não se identificam com nenhum dos gêneros especificados. Essas pessoas estão na nuance de múltiplas possibilidades no gênero. O corpo é um instrumento de leitura social e nem sempre o gênero está materializado nele.
Kaio Lemos complementou a fala de Helena sobre as cirurgias de modificação corporal: algumas pessoas trans não desejam fazer a modificação completa, desejam fazer algumas partes, como a mastectomia, a retirada dos seios ou "intrusos", na linguagem trans. Em Fortaleza, Kaio falou sobre um grupo de homens trans na internet que se comunicam, se fortificam e compartilham experiências.
Raquel Chaves, produtora e co-apresentadora deste programa, comentou sobre as pesquisas que todos os convidados realizem ao lidar com o assunto na academia e sobre a ligação entre a vivência e a pesquisa. Lú Sousa falou que o seu processo da mudança ocorreu durante o curso de serviço social. Sobre a pressão social, Lú enfatizou que "A educação é a única maneira que encontramos de mudar esta realidade. E foi justamente a partir da academia, que passei a usar isso ao meu favor."
Sobre o reconhecimento do nome social, Lú Sousa afirmou que todas as pessoas trans tem singularidades. Lú aponta a objetificação do corpo da mulher trans com um perfil midiático que não condiz com a realidade trans e que é vinculado à objetificação do corpo feminino.
Lú não se sente representada por este corpo desenhado e moldado. "É exatamente por isso que reivindicamos as identidades. Por que é exatamente aquilo que não vêem. Não é pele, não é carne, não é corpo, não é peito, é essência. Ser mulher é essência. Assim como ser um homem trans é essência."
Escute o programa Rádio Debate completo abaixo:
O Rádio Debate começa às 11h30 e vai até 12h30. O programa tem produção de Raquel Chaves e Breno Reis e apresentação de Marcos Robério e Raquel Chaves.