Foto: Breno Reis
O Rádio Debate que foi ao ar às 11h30 do dia 11 de setembro de 2015 trouxe à mesa o tema do Câncer de Mama e Humanização da Medicina. O programa abordou o assunto a partir da exposição De Peito Aberto: a autoestima da mulher com câncer de mama, uma abordagem humanista.
Nessa edição do programa, os convidados para o debate foram os próprios criadores da mostra, a jornalista e escritora Vera Golik e o fotógrafo e sociólogo Hugo Lenzi. Os idealizadores do projeto viveram vários casos de câncer na família e a partir dessas experiências criaram a exposição fotográfica e ciclo de palestras De Peito Aberto, que fica em cartaz no Shopping Iguatemi até o dia 30 de setembro.
No Brasil, a taxa de mortalidade por câncer de mama continua elevada e o Ceará é um dos estados onde o índice de número de óbitos por esse tipo de câncer tem crescido. Hugo Lenzi contou que “o foco inicial [da exposição] foi abordar essa questão da humanização da medicina [...] o grande problema é que as escolas formam os médicos pra tratar de doenças e não de pessoas”.
Um dos principais problemas enfrentado pelos pacientes de câncer é o modo como são atendidos por alguns médicos, pois ainda há uma carência do tratamento humanizado nas relações entre médicos e pacientes. Hugo Lenzi falou da importância em quebrar essa visão do tratamento impessoal com o paciente. Ele explica que busca criar uma visão de tratamento em que o médico precisa “entender a pessoa, saber lidar com o ser humano e ser parceiro durante o tratamento”.
Além disso, algumas das pacientes com o câncer de mama têm que lidar com o abandono do próprio cônjuge. Vera Golik contou que “além dela sofrer com a doença, há outros tipos de violência, como o abandono dos maridos por não saberem lidar com a situação difícil [...] A coisa vai até um ponto em que o homem abandona e ele não se sente culpado em ralação a isso, porque ele foi formado pra se afastar, pra ir pra fora de casa. Então eles abandonam numa tranquilidade assustadora”.
Outra questão tratada, no programa, foi o contato dos idealizadores com as pessoas entrevistadas para o projeto. Vera contou que ideia de fazer a exposição foi com objetivo de mostrar “além da questão da medicina humanizada, a questão da superação [...], transformando uma situação tão adversa numa oportunidade de crescimento e valorização da vida”.
Hugo explicou que o desafio era mostrar as emoções dessas mulheres no meio de tudo aquilo que elas estavam vivendo sem ser invasivo, sem desrespeitar ou que fosse além daquilo que as entrevistadas pudessem aguentar e, ao mesmo tempo, sem tentar mascarar a dificuldade dessa situação. “As fotos tiveram um papel de catarse. Elas tiraram tudo aquilo que estava engasgado dentro do coração delas, elas soltaram a alma nessas fotos e recuperaram a auto-estima delas”, contou Vera.
Eles ressaltaram que o trabalho da exposição é de conscientização da importância de fazer a prevenção e no caso de um resultado positivo, exigir os direitos de um tratamento rápido eficiente e humanizado.
Confira, abaixo, o programa completo:
O Rádio Debate vai ao ar de segunda à sexta-feira, sempre às 11h30. O programa conta com a produção de Raquel Chaves e Breno Reis e apresentação de Marcos Robério.