Redação Zumbi
No último final de semana, o Plantão Festival realizou sua segunda edição consecutiva em Fortaleza e reuniu um público com mais de 30 mil pessoas, no Marina Park Hotel. Neste ano, o festival contou com dois dias de apresentações e um line-up com diversos artistas destaques no cenário nacional do rap.
Organizado pela produtora musical 30PRAUM, do qual faz parte o rapper fortalezense Matuê, o Plantão é um projeto que pretende disseminar o gênero musical e as vertentes do hip hop, consolidando o Nordeste na indústria e na produção de eventos culturais. “É realmente um conjunto de muitas mentes brilhantes, que estão colocando a mão na massa para fazer esse processo acontecer. Toda a nossa equipe de marketing coloca a cabeça para pensar, para fazer acontecer da melhor forma”, afirmou Clara Mendes, empresária e criadora da 30PRAUM.
A produtora musical cearense é vitrine para artistas nordestinos e seus processos criativos, contrariando estigmas regionais e ajudando a estabelecer o Ceará como pólo artístico e mercadológico. “Isso é algo que faz parte da 30PRAUM desde a concepção. A gente resolveu fazer um trabalho que fosse local, mas que expandisse para todo o Brasil; botar o nordestino como o protagonista e mostrar a nossa influência cultural e conectar com a rapaziada jovem”, declarou o rapper Matuê, idealizador da 30PRAUM e do Plantão Festival.
Os shows começaram na sexta-feira (19/04), com mais de 10 horas de apresentações e com a presença de 15 mil pessoas. Subiram ao palco 6utto, Leviano, Azzy, Major RD, Kayblack, Teto, WIU, Matuê e Tz da Coronel.
Em sua performance, o fortalezense Leviano reforçou suas raízes junto ao público e convidou o coletivo periférico de reggae Oss Passinho ao palco do Plantão, dando visibilidade essa expressão cultural fortemente presente na região. Criado no bairro Messejana e atualmente agenciado pela gravadora MainStreet, no Rio de Janeiro, Leviano falou sobre seu retorno à cidade: “Quando saí de Fortaleza, ainda não tinha minha carreira consolidada, estava buscando um sonho. [...] Sempre acreditei no trap, no nosso potencial, e voltar pra casa é foda, é outra recepção”.
O line-up contou também com Azzy, primeira mulher a se apresentar no festival. Destaque na cena nacional, a artista selecionou suas produções, que vão do detroit (subgênero do drill) às populares Poesias Acústicas. “Como todo mundo sabe, a cena é muito machista, então você estar num espaço onde é a primeira mulher a fazer a abertura desse momento, que é o Plantão Festival, para mim é muito importante. É o nosso momento. Para tirar a gente, vai ser difícil. Quanto mais mulheres, mais espaços a gente vai abrir para outras”, disse Azzy.
A festa foi agitada pelos beats expressivos do carioca Major RD, que pulou na plateia e marcou pela segunda vez sua presença no festival: “Tão enérgico tá ali no meio da multidão, da galera. É muito gratificante tá aqui. É tão distante da minha casa, e ainda assim saber que minha música toca pessoas”.
Dentre os artistas, um dos mais aguardados da primeira noite certamente foi o Matuê, anfitrião da festa. Com o show Dazantiga, o rapper selecionou faixas nostálgicas da sua carreira e trajetória, emocionando o público com os sucessos “A Morte do Autotune”, “Anos Luz”, entre outros clássicos. Em hiato desde 2020, quando lançou seu marcante álbum Máquina do Tempo, Matuê falou no palco sobre sua atual produção 333 Salve Todos, já com previsão de lançamento.
No sábado (20/04), segundo dia do Plantão, foram quase 12 horas de shows, com a presença dos artistas Arthuzim, Slipmami, Yunk Vino, Danzo, Borges, ConeCrew, Veigh, 30PRAUM, Djonga e Derek, num encontro de gerações.
Grupo carioca que revelou Papatinho, produtor musical de grandes sucessos de Anitta e Black Alien, o ConeCrew está na ativa desde 2006. Apesar de não ser da chamada old school, tendo uma produção mais recente, ainda assim não é tão conhecido do público mais jovem, muito mais ouvinte de trap. A recepção não foi tão animada, e o grupo comparou a multidão com os torcedores de futebol europeu.
Slipmami foi a segunda mulher a performar no festival e falou da sua satisfação. “Estar ascendendo é cada vez mais uma surpresa para mim. É ‘responsa’ ser a única mulher do line. A cena é muito masculina, então eu fico muito feliz de estar num espaço como esse”.
Já o paulistano Yunk Vino estreou em Fortaleza nesta edição do evento. Com a plateia ansiosa pela primeira performance do trapper, Vino convidou seu amigo e parceiro de selo musical Danzo. “Quando é uma parceria assim, com coletividade e conexão, acho que flui bem, acho que o público gosta também. Fortaleza me surpreendeu com toda essa energia, quero voltar novamente em breve”, falou o artista em entrevista nos bastidores.
O Plantão Festival encerrou sua segunda edição com casa cheia e cotado como um dos maiores eventos de trap nacional, já com promessa para nova edição em abril de 2025. Pioneiro na organização e estruturação de festival trap no Nordeste, o Plantão movimentou Fortaleza, deixando os fãs cheios de memórias e na expectativa para o próximo ano.