Ouça "As quedas estão entre as três principais causas de mortes de idosos no mundo" no Spreaker.
De acordo com o levantamento mais recente do Ministério da Saúde, a prevalência de quedas, na população idosa residente em áreas urbanas, foi de vinte e cinco por cento, no ano passado.
Segundo o estudo, os fatores associados a quedas são diversos e estão relacionados, principalmente, ao sexo feminino e ao medo de cair, além de doenças como artrite, diabetes e depressão.
Já dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia estimam que, entre os idosos com oitenta anos ou mais, cerca de quarenta por cento sofram quedas todos os anos.
E a queda está entre as três principais causas externas de óbito de idosos.
A grande preocupação são as complicações como fraturas, que podem levar a internamentos e a procedimentos cirúrgicos de alto risco para os idosos.
As informações são do geriatra Rafael Pinheiro, da Casa de Cuidados do Ceará, que alerta para as sequelas:
"A queda acaba sendo divisor de águas. Eles perdem muita funcionalidade, pioram muitas vezes algum transtorno de humor que ele possa ter anteriormente. Complicações vasculares, a depender das comorbidades que eles apresentem, se for um paciente hipertenso, diabético com outros fatores de risco cardiovasculares."
O geriatra chama a atenção para os fatores de risco de queda, que podem estar relacionados ao próprio idoso ou podem fazer parte do ambiente externo. Medicamentos, por exemplo, podem interferir na capacidade da visão ou podem alterar a pressão e a glicemia, provocando tonturas.
O especialista fala ainda sobre o cuidado com o ambiente:
"A gente tem que estar atento ao que que aconteceu pra esse idoso cair e, aí, a gente conseguir tentar evitar que isso aconteça. Trabalho de prevenção. Fatores extrínsecos, ou seja, fatores do ambiente. Será que é uma casa segura? Então, evitar deixar tapetes soltos na casa, evitar deixar fios soltos, colocar barras de apoio nos banheiros, nos chuveiros, colocar tapetes antiderrapantes no próprio chuveiro, deixar o ambiente mais claro, evitar que os animais de estimação na casa durmam perto da cama do idoso ou fiquem soltos na casa que o idoso muitas vezes tem uma redução visual e acaba tropeçando."
Os idosos também podem apresentar redução na mobilidade. Por isso, atividades físicas são fundamentais na rotina, para também prevenir quedas, recomenda o geriatra.
Em caso de queda, a avaliação médica, que pode ser iniciada em um serviço de urgência, é fundamental para evitar complicações.
"Principalmente se o paciente tiver apresentando alguns sinais de alarme após alguma pancada na cabeça. Por exemplo, mudar comportamento, alterar nível de consciência, sonolência, vômitos. Está gerando alguma dor no paciente? É importante ser avaliado, fazer exames de imagem, ver se não teve nenhuma fratura."
O geriatra Rafael Pinheiro recomenda ainda um acompanhamento psicológico para que o idoso não desenvolva a síndrome do pós-queda, ou seja, um medo permanente que vai afetar a mobilidade.
Reportagem de Ana Mary C. Cavalcante