Ouça "Brasil bate recorde de internações por câncer colorretal" no Spreaker.
O Brasil registrou recorde de internações por câncer de intestino ou câncer colorretal, no Sistema Único de Saúde (SUS). Foram, em média, 265 internações por dia em 2022. O registro é o maior da década segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e da Federação Brasileira de Gastroenterologia.
Já o Instituto Nacional do Câncer projeta mais de 45 mil novos casos da doença para este ano. É o segundo tumor mais frequente no País e o maior fator de risco é a idade. A informação é do médico David Cunha, do Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia.:
"Pessoas acima dos 45 anos de idade têm mais risco de desenvolver este tipo de câncer. Outro fator importante é a história familiar. Quando a gente tem um parente de primeiro grau - pais e irmãos - com histórico dessa neoplasia, o nosso risco também aumenta de forma significativa. Além disso, esse câncer tem uma relação direta com o estilo de vida."
De acordo com o especialista, sedentarismo, obesidade e tabagismo aumentam as chances de câncer colorretal. O consumo excessivo de carne vermelha - acima de 500 gramas por semana - e de alimentos processados, e uma dieta pobre em frutas e fibras também são fatores de risco para a doença.
Além da mudança de hábitos, o oncologista recomenda exames de diagnóstico precoce:
"Como a gente sabe que o tumor de intestino e reto, na maioria das vezes, tem origem em um pólipo, que é uma lesão benigna, mas que se não for tratado, se não for retirado, durante os anos, ele pode sofrer atipias e formar um tumor, a gente indica a realização de uma colonoscopia. A colonoscopia consegue fazer o diagnóstico de um tumor na fase inicial. Isso vai propiciar uma maior chance de cura."
O rastreamento é recomendado a partir dos 45 anos de idade, indica o médico David Cunha:
"Além disso, outra recomendação é, caso a pessoa tenha na família alguém com diagnóstico de câncer colorretal, a gente deve fazer esse exame dez anos antes da data do diagnóstico do familiar. A pessoa tem um pai que teve um diagnóstico de câncer de intestino aos 50 anos de idade, então ele deve começar a fazer o rastreamento não aos 45, e sim aos 40 anos."
Quando o diagnóstico é feito na fase inicial da doença, a chance de cura é acima de 80%:
"As chances de cura e sucesso com o tratamento aumentaram de forma muito significativa e para os pacientes com uma doença mais avançada, as opções de tratamento também estão melhores, com melhor chance de controle e com menos efeitos colaterais".
Dor abdominal, mudança nos hábitos intestinais e sangue nas fezes, além de perda de peso aparente são sintomas que precisam de atenção e acompanhamento médico.
Reportagem de Ana Mary C. Cavalcante