O desenvolvimento da inteligência artificial, da nanotecnologia, do 5g, nos coloca diante de uma transformação sem precedentes na história da humanidade. É o que o Fórum Econômico Mundial entende como a Quarta Revolução Industrial, que chega modificando profundamente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos.
Encarando essa realidade, o professor e pesquisador do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, Alex Sandro Gomes, ministrou a palestra Empatia e o Ensino Superior: relações humanas face à apropriação do digital. A atividade aconteceu na manhã de ontem, nos Encontros Universitários 2020 da UFC.
Alex Sandro provocou uma reflexão profunda sobre a aprendizagem no ambiente acadêmico e o tipo de desenvolvimento para o qual o Ensino Superior está mirando:
"A gente não pode desconectar o Ensino Superior do que está acontecendo com a sociedade de uma forma geral. E será que de fato esse desenvolvimento, ou esse ideário de desenvolvimento, é realmente o desenvolvimento que desejamos ou precisamos, ou a gente vai ter que de alguma forma até dentro do ensino superior começar a questionar os modelos de desenvolvimento."
Sua indagação se baseia na desigualdade em que as sociedades contemporâneas estão mergulhadas e que a 4ª revolução industrial pode potencializar. Para reverter um futuro distópico, tal qual o universo cada vez mais explorado por livros e séries, o professor Alex Sandro enfatizou o pensamento do sociólogo Edgar Morin:
"(...) só tem uma saída para a humanidade. É você pensar os problemas de uma maneira planetária. E quando a gente coloca planetária, significa que a empatia é quase que o argumento número 1. Não só para dar aula, mas para formar os cidadãos que vão tentar salvar nossa espécie da extinção antes do tempo."
Para que isso seja possível, Alex aposta na adoção das metodologias ativas. Aquelas que propiciam autonomia, diálogo, trabalho coletivo e conexão com os desafios humanos. Essas metodologias, inspiradas na contribuição de inúmeros educadores, como o brasileiro Paulo Freire e a italiana Maria Montessori, permitem ambientes de aprendizagem onde a empatia fortalece a criatividade e a inovação.
O professor lembrou que o Ensino Superior tem se tornado um ambiente de adoecimento, onde a potente construção do saber, tem dado lugar à lógica da pressão pela produtividade, muitas vezes desconectada das reais necessidades da comunidade ao redor.
"A empatia no Ensino Superior ela passa por desmontar a lógica do currículo, a lógica da nossa relação da universidade com o ecossistema local. Passa também pela reforma dos espaços criativos."
Alex Sandro compartilhou que a preparação para a palestra nos Encontros Universitários fez com que ele refletisse sobre a sua própria prática de ensino e encorajou os colegas professores a se sensibilizarem e a fazerem o mesmo. De preferência, coletivamente. Pois para construir no ambiente acadêmico as soluções para os desafios da humanidade, a educação e o diálogo entre todas as áreas de conhecimento serão imprescindíveis.
Se você se interessou pela temática, a palestra do professor Alex Sandro Gomes está disponível na íntegra no canal dos Encontros Universitários no Youtube.
Raquel Dantas para a Rádio Universitária FM
