02/12/20

Exposição virtual traz marcha anual do povo Tremembé

A exposição conta com vinte fotografias assinadas pelo fotógrafo e pesquisador Philipi Bandeira (Foto: Philipi Bandeira)

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura apresenta a exposição virtual Memórias da Marcha Tremembé. O trabalho conta com vinte fotografias assinadas pelo fotógrafo e pesquisador Philipi Bandeira. As imagens foram registradas em 2005, antes e durante a Segunda Marcha Pela Autonomia do Povo Tremembé de Almofala, no interior do Ceará. A Marcha acontece anualmente no Dia da Independência do Brasil e neste ano foi cancelada em razão da pandemia de Covid-19. Philipi Bandeira explica que a ideia da exposição surgiu após campanha nas redes sociais de Getulio Tremembé, coordenador da Escola Indígena Maria Venância:

"Essa exposição Memórias da Marcha Tremembé, ela partiu de um diálogo com os Tremembé de Almofala, e foi um processo interessante porque infelizmente, com a pandemia, os Tremembé tiveram que cancelar a Marcha e eles estavam muito consternados com isso tudo. Também, antes disso, o Getúlio Tremembé, ele lançou nas redes sociais um desafio pra que as pessoas postassem fotos do período da Marcha, de outras Marchas, pra marcar a data e tudo. E aí eu abarquei, como se diz lá. Então, tirei do meu arquivo um material, uma série, passei a postar, e aí mediei um diálogo com o Centro Dragão do Mar."

Para Getulio Tremembé, a exposição foi crucial para manter viva a memória e a tradição das Marchas. Ele fala sobre a importância desse trabalho para a população indígena:

"Esses trabalhos que são feitos, eles são de extrema importância, não só para a questão da preservação das memórias dos povos indígenas, mas para o fortalecimento e para a divulgação também. Porque a gente sabe que, nos dias atuais, ainda muitas pessoas veem os povos indígenas de outras maneiras, ainda de uma maneira muito estereotipada, de uma visão muito estereotipada. Então, quando esses trabalhos são divulgados, é uma importância muito grande para nós indígenas e para a sociedade de forma geral, que a sociedade passa a perceber que, mesmo muita gente não reconhecendo essa situação, mas os povos indígenas estão firmes, estão fortes na luta diariamente."

Fotografia da exposição Virtual "Memórias da Marcha Tremembé" (Foto: Philipi Bandeira)

Fotografia da exposição Virtual "Memórias da Marcha Tremembé" (Foto: Philipi Bandeira)

O Dragão do Mar também organizou um espaço online no dia 7 de setembro, quando ocorreria a 17ª edição da Marcha. Na live, as lideranças presentes relataram experiências, conversaram sobre a importância da Marcha e encerraram com o torém, a dança sagrada do povo Tremembé.

A live e a exposição virtual fazem parte de um projeto mais amplo, o Tapuyas do Siará, criado por Philipi Bandeira. O propósito do projeto é digitalizar e restituir um catálogo visual da população indígena cearense para os museus indígenas. O pesquisador revela que, caso as condições sanitárias permitam, ele ajudará na realização de um encontro presencial em abril de 2021, durante a Semana Indígena, como resultado do material elaborado nos últimos anos. 

A exposição virtual Memórias da Marcha Tremembé fica em cartaz até 5 de janeiro de 2021, no site dragaodomar.org.br.

Reportagem de Mateus Brisa com orientação de Igor Vieira

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