Em março de 1991, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai oficializaram a criação de um bloco econômico para fortalecer a América do Sul. Com a assinatura do Tratado de Assunção, foi criado o Mercosul - Mercado Comum do Sul.
Alguns exemplos de outros blocos são o antigo NAFTA, que integrava Estados Unidos, Canadá e México, e a Comunidade dos Estados Independentes, criada pelos antigos membros da União Soviética.
A professora da Faculdade de Economia da UFC, Inez Castro, explica o que motiva os países a trabalharem em políticas econômicas em comum.
"A lógica é que você seria mais forte conjuntamente do que isoladamente. Que você com outros países, que têm interesses parecidos, ou que têm economias parecidas, estruturas produtivas parecidas, ou até mesmo a questão de posicionamento geopolítico semelhante, vai se tornar mais forte internacionalmente".
O Mercosul não foi a primeira tentativa de aproximar os países da América do Sul. Na década de 1960, os governos criaram a Associação Latino-Americana de Livre-Comércio. A ideia era acabar com as taxas alfandegárias entre eles.
Os países-membros do Mercosul: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, que está suspensa do bloco (Foto: Plenarinho)
O modelo ainda não era ideal, porque beneficiava os países com economias mais sólidas, como o Brasil e a Argentina. Foi só no final dos anos 1980, que os países sul-americanos recuperaram o interesse em criar um bloco que realmente os beneficiasse.
Quem explica os motivos que levaram os países da América do Sul a pensar a formação do Mercosul é Pedro Israel, professor universitário e mestre em filosofia política.
"O Mercosul surge no espelho da crise vivida nos anos 1980. Eles são considerados anos muito difíceis para a economia latino-americana como um todo. As crises observadas, sobretudo na América Latina, nos permitem perceber que a inflação acabou gerando profundas marcas, que acabaram gerando grandes dificuldades de sobrevivência para muitas economias naquela região. Então a ideia, no início dos anos 1990, de se concretizar o bloco, era de unir as principais economias regionais, com intuito de não apenas fortalecer a região, mas criar uma concorrência frente aos demais blocos e acordos a nível mundial".
Assim, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção, que oficializou a criação do Mercosul. Foram necessários três anos depois da assinatura para que o bloco estivesse estabelecido de fato.
Fernando Collor (Brasil), Andrés Rodrigues (Paraguai), Carlos Menem (Argentina) e Luis Lacalle (Uruguai) foram os presidentes que assinaram o Tratado de Assunção, em 1991 (Foto: Folha de SP)
Os blocos econômicos mundiais podem ter 5 níveis de integração, de acordo com a complexidade das medidas que os países tomam em conjunto. Os 5 níveis são: Zona de Livre Comércio, União Aduaneira, Mercado Comum, União Monetária e Integração Econômica Completa.
O Mercosul se encontra no segundo estágio, a União Aduaneira. Mesmo que tenha Mercado Comum em seu nome, o bloco ainda não se configura como tal. O economista e consultor interno do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento na Guiné-Bissau, Mamadu Djau, explica a principal característica de uma União Aduaneira.
"Na União Aduaneira, os países ou membros adotam a mesma tarifa denominada, como tarifa externa comum, nesse caso, isso se aplica para os produtos que vão entrar nesses países que fazem parte do mesmo bloco. Isso funciona, na verdade, como um imposto de produtos que vêm desses países de fora e mantendo-se a regra de livre comércio também, sendo assim extintas as recepções alfandegárias".
Com décadas de atuação, o Mercosul se mostrou muito positivo para os países-membros, que conjuntamente conseguiram aprovar pautas de desenvolvimento socioeconômico para o bloco.
Reportagem de Fabrício Girão, com produção de Carolina Areal e Fabrício Girão, coordenação de produção de Igor Vieira e operação de áudio de José Raimundo Lustosa.
