A palavra meritocracia é citada de forma frequente nas discussões políticas e econômicas. Do latim mereo que significa ser digno/merecer e pelo grego antigo krátosque significa força/ poder, sua origem vem do livro A ascensão da meritocracia de Michael Young, publicado em 1958.
A obra fala de uma sociedade distópica em que a elite baseia-se em testes de QI padronizados. O livro é uma clara crítica ao sistema educacional inglês dessa época.
Décadas depois, o termo ganhou outro significado através de escritores de autoajuda, pensadores, empresários e políticos.
Para o professor do Departamento de Sociologia da UFC, Valmir Lopes, a meritocracia é um sistema que tem como base os méritos das pessoas.
“Do ponto de vista Republicano, é óbvio que o sistema de méritos ele é muito mais interessante e ele que de fato deveria estar no centro do funcionamento de um estado republicano e não a ideia de lealdade, de amizade, de compadrinhamento, de patronagem.esse tipo de relação não deveria ser a forma com que o estado recompense os seus membros."
O sistema meritocrático pode ser visto de uma forma conservadora e também progressista.
De acordo com o também professor do departamento de sociologia da UFC,Jawdat Abu-El-Haj, a meritocracia foi o contraponto dos privilégios das elites agrárias e aristocráticas. Mas ao ser levado ao extremo pode expandir para a defesa de regimes autoritários Para Jawdat, o mérito precisa ser moderado e estar ao lado de outras discussões.
“Nem todos têm a mesma oportunidade educacional, então quando você adota esse regime sem qualificação, você está de fato estabelecendo privilégios de pessoas que tiveram oportunidades na vida. E frequentemente, esse regime está pressupondo uma certa tendência autoritária. Uma tendência no sentido que pessoas com habilidades, acabam tendo mais influência para determinar os rumos da sociedade."
Em 2017, um instituto de pesquisa inglês levantou dados sobre a desigualdade social no Brasil e informou que 1% da população brasileira mais rica concentra 28% de toda a riqueza do País. A desigualdade social é um dos empecilhos para que possamos falar em meritocracia no Brasil.
Locução de Pedro Silva, texto e reportagem de Mariane Silva com orientação de Carolina Areal.
