18/04/18

Educação para autistas

As escolas brasileiras fornecem o Atendimento Educacional Especializado (AEE) apenas para 40% dos alunos. (Foto: Easter Seals/Reprodução Internet)

O Transtorno do Espectro Autista é um grupo de distúrbios no desenvolvimento do cérebro que atua antes, durante ou depois do nascimento. Caracterizam-se pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos.

No Brasil, estima-se que 2 milhões de pessoas tem o Transtorno do Espectro Autista. Toda pessoa diagnosticada com Autismo tem garantido por lei à educação em escolas regulares, públicas ou particulares.

Para o Professor do Centro de Referência em Educação e Atendimento Especializado do Ceará (CREAC), Paulo Victor Loureiro, a formação e a falta de estrutura dificultam a inclusão desses alunos

"Nós temos na realidade, uma deficiência muito grande na formação de profissionais. Os professores e gestores, não estão preparados, mas a lei atualmente ela exige que o aluno tenha o direito ao acesso à educação, então muitas das vezes que essas escolas atendem ao acesso, não atendem a permanência. Então o aluno entra na escola, mas infelizmente não se mantém até concluir os seus estudos."

O acesso ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) nas escolas brasileiras cobre somente 40% dos alunos.

A psicopedagoga Daniela Botelho, tem uma filha de 10 anos diagnosticada com o espectro autista. Desde outubro de 2016, Alice saiu do ensino regular e está sendo alfabetizada pela mãe e por outra psicopedagoga.

Daniela pagava uma pessoa para acompanhar a filha, pois a escola não fornecia essa assistência. Ela preferiu investir o dinheiro usado na escola para matricular a filha em duas modalidades esportivas, natação e hipismo.

"Eu tomei essa decisão porque ela já estava no 2° ano do fundamental, não tinha se alfabetizado, a escola não estava colaborando, mesmo a gente em busca de outras escolas o quadro era o mesmo. Recebe porque é obrigado a receber, por lei, mas na verdade, o trabalho não é feito."

Para a coordenadora do AEE e professora da Faculdade de Educação da UFC, Rita Vieira, a escola não necessariamente precisa estar preparada para ter um aluno especial, mas precisa se qualificar ao longo do processo.

Ainda de acordo com Rita Vieira, a criação de rotinas de ensino e atividades na sala de aula, além da construção por parte dos professores, de um ambiente calmo e sem barulhos, são aspectos importantes para todos e essencial para o aluno com autismo.

"O que é importante para a escola é realizar a formação de seus professores, criar as condições materiais e pedagógicos para atuar bem com qualquer que seja o aluno. Porque os alunos não são tão diferentes e nem são tão iguais. A gente não pode caracterizar uma pessoa em categorias, as pessoas não são iguais porque apresentam autismo e nem tão diferentes."

Por mais que o direito à educação seja garantido por lei, para crianças e jovens com autismo, ainda há muitas barreiras para que eles sejam inclusos no ensino regular.

É importante ressaltar que a pessoa com autismo pode manter uma vida normal e para isso ela precisa ter o direito ao ensino, trabalho, saúde e todos os demais direitos universais.

Reportagem de Mariane Silva com orientação de Carolina Areal.

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