O Esperanto é uma língua artificial criada com o objetivo de facilitar a comunicação internacional. A ideia é que as nações mantenham vivas suas línguas nativas, mas utilizem esse idioma alternativo para se comunicar com pessoas de outras nacionalidades.
Adelson Sobrinho é professor e coordenador do Curso de Esperanto das Casas de Cultura Estrangeira da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele explica que o Esperanto vai além das questões de linguagem e incentiva a reflexão sobre as relações humanas:
“Que ele reconheça o outro humano independente de cultura, de partido político, apenas o humano. É isso, o Esperanto é fraternidade. Ele tem uma ideia interna chamada “frateco” na língua, quer dizer, fraternidade. O que interessa em você pra mim, por exemplo, é que você é um ser humano. O resto é invenção humana para separar a gente, até mesmo o título.”
Para estimular a difusão do idioma no estado, a Associação Cearense de Esperanto desenvolve e apoia diversas ações como, por exemplo, a edição 70 do Encontro Mundial da Juventude Esperantista que aconteceu em 2014 em Fortaleza e recebeu jovens de 25 países.
Wandemberg Morais é presidente da Associação e destaca também as aulas de Esperanto para jovens entre 9 e 14 anos que estão acontecendo atualmente na cidade de Itaitinga e tem gerado muitos frutos ao desenvolvimento da língua no Ceará:
“Nós estamos em um passo avançado para a consecução de um intercâmbio. Uma espécie de gemelidade entre Itaitinga, que está beirando os 50 mil habitantes, e uma cidade congênere no ponto de vista habitacional, 45 mil habitantes se não me engano, a cidade de Aalen na Alemanha. Já mandamos dois jovens de Itaitinga que aprenderam Esperanto em Itaitinga dentro desse movimento jovem itaitinguense de ensino de Esperanto, mandamos dois jovens em dois anos para trás para estagiar falando em esperanto, falando de Itaitinga em países europeus.”
Além desse trabalho, as Casas de Cultura Estrangeira da UFC oferecem o curso de Esperanto à comunidade desde 1965. O coordenador do curso, Adelson Sobrinho, aponta o maior problema que o ensino de Esperanto tem enfrentado durante esses anos:
“Procura mínima. Se você comparar com a Cultura Alemã, o Esperanto tem muito menos alunos, questão mesmo de divulgação e interesse. Qual o lucro que sem tem quando se estuda esperanto? Cultura apenas. É realmente para pessoas que enxergam um palmo diante do nariz e não querem apenas ganhar dinheiro, mas terem amigos internacionalmente. É esse o único objetivo do Esperanto e o valor da língua para muita gente que pensa em fazer um curso é ganhar dinheiro.”
Por conta disso, o público que procura o curso oferecido pelas Casas de Cultura é mais específico, e muitas dessas pessoas acabam se encantando pela língua, como revela o professor Adelson Sobrinho:
“Geralmente é estudante universitário. Há pouco, eu tive um que estudava química e ele se interessou tanto pela língua, pela linguística que ele deixou o curso de química e foi fazer letras. Uma coisa inusitada e interessante porque ele se apaixonou pela estrutura linguística”.
Nesse processo de contato com o Esperanto, os estudantes também têm a possibilidade de ampliar seus conhecimentos no estudo de diversos idiomas. Wandemberg Morais explica o porquê:
“O Esperanto é uma porta, é uma chave de leitura para o estudo de línguas. A gente vai estudar qualquer língua étnica, qualquer língua nacional, demanda-se muito tempo. Tempo, investimento, você depois de dois, três anos começa a gaguejar, então isso é uma coisa que frustra muito. Existem experiências exitórias realizadas no mundo em que há um estudo comparativo de crianças em determinada escola que começam a estudar Esperanto antes de uma língua étnica e têm um desempenho bem superior, isso porque o Esperanto foi moldado para isso.”
Em 2017, o Esperanto completa 130 anos de existência. Durante todo esse tempo, a língua contribuiu para a comunicação em processos de revoluções no mundo, na produção artística, mas sobretudo, para aproximar pessoas de diversas nacionalidades. Wandemberg Morais reforça que essa é uma das características da língua que a torna cada vez mais necessária.
Para facilitar essa integração, o site esperanto.net, desenvolvido pela Associação Universal de Esperanto, permite que as pessoas conheçam detalhes sobre o universo esperantista e apoiem a difusão da língua no mundo.