26/07/17

A História do Rádio no Ceará – Parte 2

O Campo do Prado (Benfica) recebeu a primeira partida do Campeonato Cearense transmitida pela Ceará Rádio Clube (Foto: Arquivo Nirez)

No Memória desta semana, você ouve a segunda parte do documentário radiofônico A História do Rádio no Ceará, que aborda a fase de afirmação do rádio no estado. A produção, de 1990, integra o trabalho de conclusão de curso de Nonato Lima, à época estudante de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC), atualmente professor de Jornalismo e diretor da Rádio Universitária FM.

Nas décadas de 1930 e 1940, a pioneira Ceará Rádio Clube, por meio de suas experiências e inovações, consolidava-se na radiodifusão cearense. Em dezembro de 1939, foi a primeira emissora a transmitir uma partida do Campeonato Cearense de Futebol (Estrela do Mar 4x1 Maguari). No Campo do Prado, onde hoje se localiza o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), no Bairro Benfica, Rui Costa Souza transmitia os lances do jogo por telefone a José Cabral, que narrava a partida direto dos estúdios da rádio. Com a participação do comentarista Miguel Picanço, reportagens e equipe especializada, a programação da Ceará Rádio Clube lançava o radiojornalismo esportivo no Ceará.

Estúdio da Ceará Rádio Clube na Av. João Pessoa, no Bairro Damas (Foto: Reprodução/Internet)

A emissora também foi pioneira do radioteatro no Estado. As primeiras experiências surgiram ainda na década de 1930, por meio das chamadas Comédias Ligeiras, esquetes que antecederam o sucesso das radionovelas na década seguinte. Penumbra, de Amaral Gurgel, inaugura o horário nobre da Ceará Rádio Clube, transmitida às 20hs e interpretada pelo elenco de atores da emissora. Posteriormente, viria a primeira radionovela cearense, Aos pés do Tirano, de Eduardo Campos.

Durante a década de 1940, a emissora inaugura um novo transmissor de ondas curtas e passa a contar com programas de auditório, por meio de um espaço com capacidade para 100 espectadores. A nova estrutura é entregue na presença de grandes intérpretes do rádio da época, como Francisco Alves e Orlando Silva, o cantor das multidões. Nesta época, a rádio já contava com orquestra e vocalistas próprios, nomes como Mário Alves e Lauri Santiago. O prestígio da rádio colaborou também para o sucesso de campanhas filantrópicas, como a arrecadação de 1,2 milhões de cruzados para a Santa Casa de Misericórdia, além da campanha Natal dos Lázaros, que perdurou por 38 anos.

O documentário fala também da transferência da rádio para o domínio dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand em 1944. Durante este período, a emissora passou por mudanças na programação artística. Além disso, o radiojornalismo foi aperfeiçoado e ampliado para outras áreas, inclusive políticas. Na parte final do radiodocumentário, personalidades como o pesquisador Nirez e o jornalista, escritor e um dos antigos diretores da Ceará Rádio Clube, Eduardo Campos, avaliam o contexto da radiodifusão na época e as contribuições da emissora para a cultura cearense.

O documentário A História da Rádio no Ceará foi veiculado no primeiro semestre de 1990, com pesquisa, produção e texto de Nonato Lima; técnica de áudio e montagem de Paulo Frasão; e orientação do professor Agostinho Gósson. Nonato Lima é, atualmente, coordenador de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC e professor do Instituto de Cultura e Arte da mesma universidade.

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