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O programa Memória 107 deste domingo (25) homenageia, a partir de 14 horas, o centenário de nascimento do violonista Dilermando Reis. Dilermando é um dos principais nomes do violão nacional, por ser um dos compositores e intérpretes que contribuíram para colocar o instrumento em definitivo na preferência e no imaginário sentimental dos brasileiros. É influência direta para gerações de violonistas, por ter sido representante do violão popular e seresteiro, além de ter atuado no campo do violão erudito. Dilermando nos legou obra primordial, composta por guarânias, toadas, boleros, maxixes, sambas-canção, e, em particular, valsas e choros.
Dilermando dos Santos Reis nasceu no dia 22 de setembro de 1916 em Guaratinguetá (SP). Aprendeu as primeiras notas ao violão na infância com o pai, Francisco dos Santos Reis, que era violonista amador e acompanhava a mãe, Benedita Vieira Reis, no repertório das canções de Catullo da Paixão Cearense. Aos quinze anos, assistiu em sua terra natal ao concerto do renomado violonista matogrossense Levino Albano da Conceição. Curiosamente, Levino era cego, e logo adotou Dilermando como aluno e o levou para conhecer o Rio de Janeiro do início da década de 1930, ocasião em que pôde conviver com nomes da música brasileira, como João Pernambuco, Pixinguinha e Luperce Miranda.
Dilermando Reis passou a se apresentar regularmente em recitais e em programas de calouros de emissoras de rádio como a Rádio Guanabara e a Rádio Transmissora. Pioneiro, formou na Rádio Clube do Brasil a primeira orquestra de violões que se tem notícia no nosso país, e dela foi regente. Em 1941, foi lançado o primeiro disco de 78 rotações, com a valsa Noite de Lua e o choro Magoado, composições autorais que se tornaram posteriormente clássicos da nossa música. Em 1952, gravou e tornou imortais as peças Sons de Carrilhões, de João Pernambuco, e Abismo de Rosas, de Américo Jacomino. Durante o ano de 1956, apresentou o programa diário Sua Majestade, o Violão, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o que ajudou a popularizar o gosto do público pelo repertório violonístico.
Dilermando deu aulas de violão a Juscelino Kubitschek e à filha Maristela, e se tornou amigo pessoal da família do ex-presidente. Um dos violões de Dilermando ainda pode ser visto no acervo do Catetinho, primeiro residência presidencial utilizada durante a construção da nova capital, Brasília (1955-1960). Compositores como Guerra Peixe e Radamés Gnattali contribuíram com o violonista e também lhe dedicaram criações inéditas. A vida e a vasta obra de Dilermando Reis têm sido temas de dissertações e teses no Brasil e no exterior. Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 2 de janeiro de 1977, decorrente de um edema pulmonar.
O programa Memória 107 vai ao ar todos os domingos, de 14h às 15h, com produção e apresentação de Nelson Augusto, operação de áudio de José Raimundo Lustosa e Assis Lima, e traz seleções relacionadas a dados, fatos e efemérides da música popular brasileira.